A caderneta de poupança ainda continua atraindo recursos neste ano, mas em volume bem menor do que em 2007. Segundo informações divulgadas pelo Banco Central nesta sexta-feira (5), o ingresso líquido de recursos na poupança (depósitos menos retiradas) somou R$ 7,85 bilhões de janeiro a agosto de 2008, o que representa uma queda de 49,4% contra os R$ 15,53 bilhões registrados em igual período de 2007.
Somente em agosto, R$ 1,43 bilhão ingressaram na poupança, resultado de depósitos de R$ 90,86 bilhões e de retiradas de R$ 89,42 bilhões. No fim de agosto, o volume total de recursos aplicados em caderneta de poupança somou R$ 254 bilhões, contra R$ 251 bilhões em julho deste ano e R$ 235 bilhões em dezembro de 2007.
Atratividade da poupança
Apesar de ter mais facilidade de saque e de não serem cobrados tributos na poupança, como o Imposto de Renda, analistas alertam que a tradicional modalidade de investimentos começa a perder atratividade frente a outras opções de renda fixa (como os fundos de investimento, ou os CDB's - títulos ofertados pelos bancos) por causa da subida dos juros pelo Banco Central.
Para conter a inflação, os juros básicos da economia avançaram 1,75 ponto percentual nos últimos meses, para 13% ao ano, a maior elevação desde 2003. Com isso, também subiu a rentabilidade dos fundos de renda fixa dos bancos - que têm boa parte de suas aplicações feitas em títulos públicos, que rendem mais com a subida dos juros, e dos CDB's. E a expectativa do mercado financeiro é que os juros sejam elevados a 14,75% ao ano no fim de 2008 - inflando ainda mais o rendimento destas modalidades.
Entretanto, economistas também dizem que a tradicional poupança é uma opção mais segura do que a Bolsa de Valores, que tem apresentado fortes perdas neste ano e muita volatilidade (sobe e desce em períodos curtos de tempo). E pode ser uma opção mais adequada para quem desejar sacar os recursos no curto prazo - pois não tem de pagar IR. A caderneta de poupança tem a sua correção determinada pela variação da taxa referencial (TR) mais 0,5% ao mês.
Casa própria
As aplicações em caderneta de poupança estão divididas em duas modalidades: Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE) e a chamada poupança rural. No caso do SBPE, 65% dos recursos devem ser destinados a empréstimos imobiliários e, na poupança rural, os recursos são canalizados para o desenvolvimento da agricultura.
Do total de R$ 7,8 bilhões que ingressaram na poupança de janeiro a agosto deste ano, R$ 5,39 bilhões vieram pelo SBPE. Em igual período do ano passado, a entrada de recursos pelo SBPE somou R$ 11,03 bilhões. Deste modo, houve uma queda de 51% nos oito primeiros meses deste ano.
Entretanto, os números da Associação Brasileira de Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip) não mostraram um impacto muito forte desta queda. Segundo a entidade, o total de empréstimos contratados pelos agentes do SBPE somou R$ 16,3 bilhões de janeiro a julho deste ano.
"Em termos de famílias atendidas, os números voltaram a ser surpreendentes. Foram financiadas 34.718 unidades [em julho], acumulando 163.146 unidades no período de janeiro e julho de 2008", informou a Abecip, acrescentando que espera quebrar o recorde de de 267 mil unidades financiadas - registrado em 1981.
Segundo a entidade, o comportamento das contratações neste ano reflete a "confiança dos agentes financeiros em relação à manutenção da estabilidade econômica e à continuidade da recuperação de renda da população".