A crise econômica global produziu um alívio temporário no peso de impostos, taxas e contribuições sobre a economia nacional. Devido à contração da produção e às medidas de estímulo fiscal adotadas pelo governo, a carga tributária teve a maior queda desde o Plano Real.
Segundo dados divulgados ontem pela Receita Federal, a carga fiscal atingiu 33,58% da renda nacional em 2009, após o recorde histórico de 34,41% em 2008. A queda foi minimizada pela alta dos tributos incidentes sobre a folha de pagamentos das empresas, porque os salários foram menos afetados pela recessão.
Emergentes
O Brasil possui a maior carga tributária entre os países emergentes. Mesmo com a queda, os brasileiros ainda precisam trabalhar quatro meses por ano ou, mais exatamente, 123 dias para manter os gastos públicos. Esse patamar geralmente é encontrado em países de tradição socialista ou social-democrata, como Canadá (32% em 2008), Espanha (33%) e Alemanha (36%).
A arrecadação tributária caiu em praticamente todo o mundo no ano passado, devido à redução dos lucros das empresas, dos salários e do consumo. Neste ano, com a recuperação da economia, a proporção entre a receita pública e o PIB voltará a crescer, como apontam os números disponíveis até julho. Segundo o Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário (IBPT), a carga fiscal foi de 35,02% em 2009 (35,16% em 2008). Para o Ipea, os índices foram de 34,28% e 34,85%, respectivamente.