Segundo informações da agência de notícias Reuters, o CEO da Nissan e presidente da aliança Renault-Nissan-Mitsubishi, Carlos Ghosn, teve o pedido de liberdade sob fiança negado nesta terça-feira (15) pelo Tribunal Distrital de Tóquio. Ghosn, considerado o brasileiro mais poderoso da indústria automobilística, está preso desde o dia 19 de novembro e aguarda o julgamento, que ainda pode demorar seis meses.
A expectativa de que o executivo pudesse deixar a prisão era grande. Essa possibilidade foi ventilada na semana passada, quando Ghosn foi indiciado por “agravada violação de confiança” por supostamente transferir perdas pessoais com negócios e investimentos à Nissan no ano de 2008 e por não ter declarado toda a sua renda ao governo japonês nos últimos três anos.
A Reuters lembra que, no Japão, é bastante raro que um acusado tenha direito à liberdade antes do julgamento.
Segundo o Estadão, o suposto cúmplice de Ghosn, o executivo americano Greg Kelly, e a Nissan também foram indiciados na investigação sobre a sonegação de informações de salários. No primeiro indiciamento, em 10 de dezembro, Ghosn, Kelly e a Nissan também são acusados de terem falsificados informes de pagamentos do período entre 2010 e 2015.
Desde a semana passada, a família de Ghosn vem reclamando do tratamento que o executivo tem recebido na prisão japonesa. A esposa do executivo, Carole Ghosn, escreveu uma carta à ONG Human Rights Watch sobre o assunto, via e-mail. No texto ao qual a agência AFP teve acesso, ela diz que o marido é interrogado todos os dias e intimidado pelos inspetores que tentam arrancar dele algum tipo de confissão.
Em sua primeira aparição pública, durante depoimento à Corte Distrital de Tóquio, na segunda-feira (7), Ghosn, segundo os 30 espectadores que puderam acompanhar a fala do executivo e também segundo os desenhos feitos desse momento, aparentou estar mais magro e com mais fios brancos na raiz dos cabelos.
Ainda na semana passada, durante um desses interrogatórios, Ghosn teria passado mal e apresentado febre. Também na semana passada, o advogado brasileiro do executivo, José Roberto Castro Neves, disse ao Estadão que “há uma violação das garantias básicas, da integridade física de Ghosn” e que a família pediria medidas ao Itamaraty.
Carlos Ghosn nega todas as acusações e diz que é inocente.