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A valorização cambial registrada na primeira quinzena do mês está deixando a carne brasileira mais competitiva no mercado internacional. Com o dólar valendo mais de R$ 1,85, a tonelada do produto brasileiro chega aos mercados consumidores internacionais mais barata, apenas com as alterações no câmbio. Na primeira quinzena de setembro, o dólar comercial sofreu uma desvalorização de 14%, fazendo com que o preço do boi gordo cotado na moeda americana recuasse quase 13%. Em dólar, o indicador Esalq/BM&F encerrou o mês de agosto cotado a US$ 55,93 por arroba, mas recuou para US$ 48,71 após o fechamento do mercado de ontem.

Na avaliação de Gabriela Tonini, analista da Scot Consultoria, o cenário de valorização cambial é um fator que pode melhorar as exportações brasileiras nos próximos meses. Para ela, os efeitos da desvalorização do real serão sentidos no volume das exportações a partir de setembro e outubro, quando os negócios já estarão fechados com a nova cotação. "Com o dólar mais caro é mais fácil para os frigoríficos que exportam negociarem preços com os importadores", afirma.

Mesma opinião tem o diretor comercial do Frigorífico Independência, André Skirmunt. Para ele, os efeitos do dólar serão sentidos no médio prazo e precisarão se manter nos atuais patamares por pelo menos 90 dias. "Isso fará com que a gente recupere mercados onde nosso produto estava mais restrito devido aos preços altos", afirma Skirmunt, ao lembrar que os países do Oriente Médio haviam deixado de comprar carne brasileira para importar da Austrália.

Apesar de ficar mais barata para quem importa, as indústrias exportadoras se mostram cautelosas com a disparada da moeda americana nas últimas duas semanas. O setor deve se reunir nos próximos dias para avaliar os impactos da oscilação cambial diante de um quadro de oferta global restrita e demanda, especialmente dos países asiáticos, ainda aquecida. "A carne brasileira fica, de fato, mais competitiva com a valorização do dólar, mas faremos até o final dessa semana uma avaliação dos efeitos dessa valorização, já que o mercado ainda está muito instável", disse Luiz Carlos de Oliveira, diretor executivo da Abiec.

A maior competitividade da indústria exportadora, no entanto, não está sendo repassada para o pecuarista. Além ter o ganho com a valorização do dólar, as indústrias conseguiram ganhar também na compra da matéria-prima. No mesmo período em que o dólar subiu 14%, os preços do boi gordo recuaram 4,38%, o que, na prática, representa um aumento um ganho de competitividade de quase 20% em 15 dias.

De acordo com Oliveira, o mercado como um tudo está mais cauteloso diante de toda a crise internacional que se apresenta. Para ele, diante das turbulências do mercado existe uma certa cautela dos importadores para a elaboração de novos contratos e que já está sendo percebida nesta semana. "Podemos ter afetados e registrar uma queda na demanda enquanto não houver um ajuste, mas a análise que existe é de que a procura por carne bovina é crescente", afirma Oliveira.

Ele considera que as indústrias exportadoras possuem uma certa blindagem, já que a demanda mundial por proteína animal ainda está dentro de uma trajetória de alta e as indústrias brasileiras demonstram capacidade de abastecer as necessidades dos importadores. "Isso deixa o mercado mais tranqüilo, já que demonstramos mais de uma vez que temos capacidade de atender as exigências, mesmo em cenários turbulentos", disse o diretor da Abiec.

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