Apesar da continuidade do quadro recessivo esperado para o ano que vem, o Carrefour, líder do setor de supermercados no país, planeja voltar para o comércio eletrônico no fim do segundo trimestre e pretende manter na operação brasileira da companhia o mesmo volume de investimentos deste ano.
Mas a meta de abrir o capital, ainda mantida, não deve se concretizar nos próximos 12 meses. “O mercado está ruim e não acreditamos que haverá uma janela em 2016. Estamos aproveitando o momento para melhorar a operação”, disse o presidente da companhia no Brasil, Charles Desmartis.
Em 2012, a rede francesa deixou o comércio eletrônico, alegando que o seu foco era a reestruturação da operação no país. A previsão inicial era retornar para o e-commerce este ano, mas a volta foi adiada.
Desmartis explicou que a opção da companhia foi esperar mais um pouco para retornar ao e-commerce porque quer primeiro ajustar o modelo negócio, que inclui logística e os sistemas. Numa primeira etapa do comércio online, serão vendidos bens duráveis, tais como eletrodomésticos, eletrônicos, telefonia, entre outros.
Como mercado desses itens está em queda neste ano e não há perspectiva de mudanças para 2016, o presidente do Carrefour admitiu que reduziu as metas iniciais de vendas traçadas para o comércio online no ano que vem.
Investimentos
A companhia não revela as cifras investidas, mas Desmartis disse que a intenção é manter em 2016 o nível de desembolsos deste ano. Isso é relevante, pois há varejistas reduzindo as operações.
Neste ano, o Carrefour abriu 33 lojas, entre as quais estão 17 do modelo Express, 12 de autosserviço do Atacadão, um hipermercado e três centrais de distribuição e atacado do Atacadão. Além disso, foram reinaugurados 20 hipermercados sob o conceito “nova geração” e quatro supermercados Carrefour Bairro revitalizados.
Desmartis afirmou que a rede deve continuar abrindo lojas da bandeira Atacadão e reformando hipermercados no mesmo ritmo de 2015. Além disso, espera acelerar as inaugurações dos mercados de proximidade com a bandeira Carrefour Express. “Nossa ambição para o Express é de abrir mais lojas do que este ano”, afirmou.
Hoje a operação da empresa no Brasil é a segunda mais importante para o grupo no mundo, atrás apenas da França. Desmartis afirmou que o grupo voltou a investir no Brasil em 2014 como parte de uma decisão global de apostar em mercados que são relevantes.
Neste ano, apesar do cenário macroeconômico conturbado, a companhia exibe desempenho positivo. As vendas, considerando as mesmas lojas cresceram acima de 7% de janeiro a setembro deste ano em relação a igual período de 2014.
Nesse mesmo intervalo, o mercado recuou, segundo dados da Associação Brasileira de Supermercados. Um das razões apontadas por Desmartis para o resultado positivo é a base de comparação fraca para a empresa, que foi 2014. “Mas também acreditamos que temos um potencial de melhoria nas nossas operações que deve continuar a compensar a piora do cenário no país.”
BR Distribuidora
Charles Desmartis negou os rumores de que o grupo tenha demonstrado interesse na compra de uma fatia da BR Distribuidora. Notícias dos últimos meses listaram a empresa entre os possíveis compradores de uma fatia de 25% a 40% da subsidiária de distribuição da Petrobras. “De jeito nenhum”, respondeu ele, questionado se a companhia estaria olhando o negócio.
O executivo afirmou que os planos do Carrefour são de crescimento orgânico no negócio de postos de combustível – hoje, 72 espalhados pelo país. “Vamos continuar a abrir novos postos”, disse.
Desmartis disse que a empresa segue atenta a oportunidades de aquisição de operações de varejistas regionais. A chance de novas consolidações no setor de supermercados tem sido levantada por analistas diante do momento de maior pressão de caixa que companhias de menor porte.
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