Comprar produtos e adquirir serviços pela internet usando o celular já não são novidade há um bom tempo. Uma nova leva de aplicativos e plataformas, porém, está dando o passo adiante e transformando o smartphone no próprio meio de pagamento, driblando o uso de cartões de crédito e até a necessidade de uma conta corrente em banco.
O mercado das chamadas carteiras digitais tem crescido no mundo e no Brasil nos últimos anos, tanto com a chegada de novos players quanto com o ingresso de empresas “tradicionais”no ramo. Em geral, as iniciativas se dividem em duas frentes, que contemplam novos recursos nos celulares, como a NFC – que permite efetuar pagamentos apenas aproximando o smartphone de máquinas com a tecnologia –, e as contas pré-pagas, que possibilitam aos usuários realizar operações bancárias sem ter uma conta corrente, também utilizando o dispositivo móvel.
Em março, a TIM, em parceria com a Caixa e a MasterCard, lançou em Curitiba, Natal (RN) e Uberlândia (MG) um projeto piloto para que clientes da operadora utilizem o celular para pagar contas e fazer transferências de dinheiro, sem necessidade de conexão à internet – o público-alvo são os usuários da TIM sem conta corrente ou poupança, que representam mais de 50% do segmento pré-pago da empresa. A MasterCard também possui um serviço semelhante com a Vivo (veja box nesta página). Nos dois casos, os clientes podem solicitar um cartão físico da bandeira para fazer compras em estabelecimentos comerciais.
Cada vez mais teremos métodos de pagamento via carteiras virtuais, que englobam múltiplos cartões, integrando esse uso com programas de fidelidade e bônus, para trazer uma nova experiência e uma maior facilidade para o cliente final.
Apesar de não haver dados consolidados sobre o número de usuários desses serviços no Brasil, pesquisa da Boston Consulting Group (BCG) prevê que o mercado de contas e cartões pré-pagos, voltados a quem não tem acesso aos serviços financeiros formais, deva movimentar US$ 65 bilhões em 2017 – mundialmente, a cifra deve chegar a US$ 822 bilhões. Na América Latina, o Brasil desponta como o principal mercado, ao lado do México.
“O uso de dinheiro físico e mesmo de cartões de créditos tem um custo altíssimo. Então esses novos modelos de negócios digitais chegam muito forte, com grande apelo. Cada vez mais teremos métodos de pagamento via carteiras virtuais, que englobam múltiplos cartões, integrando esse uso com programas de fidelidade e bônus, para trazer uma nova experiência e uma maior facilidade para o cliente final”, afirma Marco Santos, diretor regional do Grupo GFT na América Latina, especializado em tecnologia no setor financeiro.
Empurrão
O boom dos smartphones no Brasil –ano passado, foram vendidos 104 aparelhos por minuto no país – contribui para que esses novos serviços de pagamento se disseminem.
A maior adesão do brasileiro ao e-commerce, setor que faturou por aqui R$ 35,8 bilhões em 2014, também ajuda a deixar para trás o velho mito de que transações pela web e por meio de celulares seriam arriscadas.
“O quesito segurança é algo que preocupa bastante os fornecedores desses serviços. Isso porque, na ótica do usuário, a transação com segurança é uma obrigatoriedade. O mercado brasileiro já está bastante maduro para isso, o que ajuda a tornar o ambiente por aqui tão propício à implementação de carteiras eletrônicas e meios de pagamento móveis”, reforça o diretor comercial para serviços financeiras da Gemalto no Brasil, Sérgio Muniz.