As tecnologias construtivas chegaram aos imóveis de habitação popular em Curitiba. Entregue pela prefeitura e pela Caixa Econômica Federal na segunda-feira (23), o empreendimento Moradias Nilo foi construído inteiramente em wood frame e abrigará famílias que vivem em situação de risco na Vila Nova, no bairro Alto Boqueirão.
Além da sustentabilidade característica do sistema, conhecido por reduzir o impacto ambiental da obra, as 66 unidades também receberam a instalação de placas de aquecimento solar, outra novidade entra as construções do programa habitacional do município.
“É a primeira vez em Curitiba que está se instalando um sistema de aquecimento solar. Essa tecnologia vai reduzir a conta de energia das famílias no final do mês”, disse o prefeito Gustavo Fruet durante a entrega das casas.
Tecnologia
Desenvolvido na Alemanha e mais comum em construções de médio e alto padrão no Brasil, o wood frame utiliza madeira de reflorestamento na fabricação dos painéis que formam as paredes da casa, e que já vêm prontos de fábrica. Na construção, eles são instalados diretamente sobre a laje de concreto armado – radier –, que substitui a fundação convencional. O acabamento interno é feito com gesso acartonado. Nas paredes externas, a finalização é realizada com placas cimentícias.
“A sustentabilidade vem da madeira tratada, que resgata carbono, e da economia de energia e de água na obra, já que se trata de uma construção seca. Além disso, a casa oferece conforto térmico e acústico muito bom aos moradores”, explica Fernando de Souza Klas, engenheiro e proprietário da construtora F Klas, responsável pela obra.
As placas solares instaladas no telhado também contribuem para a sustentabilidade das residências. Utilizadas para aquecer a água do chuveiro, elas atuam como uma fonte de energia natural e não poluente. Ubiraci Rodrigues, presidente da Companhia de Habitação Popular de Curitiba (Cohab), lembra que o sistema promove até 50% de redução no consumo de energia elétrica das famílias.
Investimento
O presidente da Cohab conta que o tempo para a execução da obra [até 70% menor do que na alvenaria convencional] foi um dos motivos que levaram o município a testar as construções em wood frame. “Levamos seis meses para fazer esta obra, que poderia ser realizada em quatro meses, vencidos os trâmites burocráticos. Esse tempo é muito importante quando se vai atender uma população que está em área de risco”, avalia.
A maior dificuldade para realizar construções tradicionais em comunidades carentes– resultado do grande volume de furto de materiais de construção e, consequentemente, do aumento do custo da obra– também fez com que a Cohab buscasse editais que favoreçam construções não convencionais. Segundo Rodrigues, a companhia já havia adotado obras em alvenaria convencional, estrutural e de concreto que traziam agilidade, mas não ofereciam a sustentabilidade agregada.