As tecnologias construtivas chegaram aos imóveis de habitação popular em Curitiba. Entregue pela prefeitura e pela Caixa Econômica Federal na segunda-feira (23), o empreendimento Moradias Nilo foi construído inteiramente em wood frame e abrigará famílias que vivem em situação de risco na Vila Nova, no bairro Alto Boqueirão.
R$ 4 milhões
foi o total investido na construção do empreendimento Moradias Nilo, no bairro Alto Boqueirão. Embora o preço do metro quadrado do wood frame seja mais caro, o presidente da Cohab, Ubiraci Rodrigues, o valor corresponde ao que seria gasto caso a obra fosse executada em alvenaria convencional. Os recursos são do programa Minha Casa, Minha Vida, da prefeitura de Curitiba e da Cohab.
Além da sustentabilidade característica do sistema, conhecido por reduzir o impacto ambiental da obra, as 66 unidades também receberam a instalação de placas de aquecimento solar, outra novidade entra as construções do programa habitacional do município.
“É a primeira vez em Curitiba que está se instalando um sistema de aquecimento solar. Essa tecnologia vai reduzir a conta de energia das famílias no final do mês”, disse o prefeito Gustavo Fruet durante a entrega das casas.
Apelo sustentável foi de luxo à necessidade
A adoção de soluções e tecnologias construtivas voltadas à sustentabilidade das residências deve se tornar mais frequente nas habitações populares de Curitiba. O presidente da Companhia de Habitação Popular (Cohab), Ubiraci Rodrigues, conta que em todos os projetos a companhia tem buscado alternativas para mudar a forma de tratar a energia, o lixo e a água. “Há alguns anos, a sustentabilidade era tratada como um artigo de luxo, um ‘plus’ que se agregava a determinados empreendimentos. Hoje, a falta de água e o custo da energia fazem com que ela seja discutida mais como uma necessidade”, pontua.
Um exemplo disso é o resultado alcançado com o Moradias Nilo. Rodrigues explica que a ideia inicial era a de fazer deste um projeto-teste de construção em wood frame. Como ele funcionou bem, no entanto, a intenção é adotá-lo como padrão, principalmente para intervenções em comunidades carentes.
“Queremos tornar as construções sustentáveis tanto na obra quanto no uso. As famílias que irão morar neste empreendimento, por exemplo, serão acompanhadas por uma equipe de assistentes sociais que irá instruí-las para a melhor utilização da tecnologia que foi colocada à disposição”, conta.
O presidente acrescenta que a Cohab também busca junto ao Ministério das Cidades a liberação para a expansão do sistema de aquecimento solar para o fotovoltaico – que permite a geração de energia pelo empreendimento – e para a construção de um “bairro sustentável”, com 5,2 mil unidades, no Campo de Santana. “Se o Ministério aprovar o projeto, devemos iniciar as tratativas para a contratação dessas unidades ainda neste ano”, afirma Rodrigues.
Tecnologia
Desenvolvido na Alemanha e mais comum em construções de médio e alto padrão no Brasil, o wood frame utiliza madeira de reflorestamento na fabricação dos painéis que formam as paredes da casa, e que já vêm prontos de fábrica. Na construção, eles são instalados diretamente sobre a laje de concreto armado – radier –, que substitui a fundação convencional. O acabamento interno é feito com gesso acartonado. Nas paredes externas, a finalização é realizada com placas cimentícias.
“A sustentabilidade vem da madeira tratada, que resgata carbono, e da economia de energia e de água na obra, já que se trata de uma construção seca. Além disso, a casa oferece conforto térmico e acústico muito bom aos moradores”, explica Fernando de Souza Klas, engenheiro e proprietário da construtora F Klas, responsável pela obra.
As placas solares instaladas no telhado também contribuem para a sustentabilidade das residências. Utilizadas para aquecer a água do chuveiro, elas atuam como uma fonte de energia natural e não poluente. Ubiraci Rodrigues, presidente da Companhia de Habitação Popular de Curitiba (Cohab), lembra que o sistema promove até 50% de redução no consumo de energia elétrica das famílias.
Investimento
O presidente da Cohab conta que o tempo para a execução da obra [até 70% menor do que na alvenaria convencional] foi um dos motivos que levaram o município a testar as construções em wood frame. “Levamos seis meses para fazer esta obra, que poderia ser realizada em quatro meses, vencidos os trâmites burocráticos. Esse tempo é muito importante quando se vai atender uma população que está em área de risco”, avalia.
A maior dificuldade para realizar construções tradicionais em comunidades carentes– resultado do grande volume de furto de materiais de construção e, consequentemente, do aumento do custo da obra– também fez com que a Cohab buscasse editais que favoreçam construções não convencionais. Segundo Rodrigues, a companhia já havia adotado obras em alvenaria convencional, estrutural e de concreto que traziam agilidade, mas não ofereciam a sustentabilidade agregada.
Trump, Milei, Bolsonaro e outros líderes da direita se unem, mas têm perfis distintos
Taxa de desemprego pode diminuir com políticas libertárias de Milei
Governadores e parlamentares criticam decreto de Lula sobre uso da força policial
Justiça suspende resolução pró-aborto e intima Conanda a prestar informações em 10 dias
Reforma tributária promete simplificar impostos, mas Congresso tem nós a desatar
Índia cresce mais que a China: será a nova locomotiva do mundo?
Lula quer resgatar velha Petrobras para tocar projetos de interesse do governo
O que esperar do futuro da Petrobras nas mãos da nova presidente; ouça o podcast