A cada compra em uma rede de lojas, o analista de sistemas Eduardo Dabul Torres ganha um retorno de 10% a 50% em cima do valor que gastou. Não é promoção, nem desconto. Trata-se do cashback, um sistema em que o comprador se associa a um aplicativo e recebe de volta uma porcentagem do valor pago – geralmente entre 5% e 10%, podendo chegar a 50% – para usar no mesmo estabelecimento ou em outro desta rede, de roupas a restaurantes e serviços.
“Estou gostando muito. Qualquer retorno é válido. Em uma compra grande, com retorno de 50%, é uma quantia relevante”, afirma.
O termo cashback, que significa dinheiro de volta, é bem comum e antigo em países como os Estados Unidos e, de um ano para cá, vem ganhando espaço no Brasil, especialmente entre os mais jovens. É parecido com o programa de milhagens, contudo, o uso não se limita ao cartão de crédito e o dinheiro recebido nunca expira.
O cliente pode usar cartão de débito e, além da quantia que se acumula na sua conta no aplicativo para futuras compras, pode ainda ter o valor depositado na sua própria conta, como é o caso da Méliuz, uma das pioneiras no mercado brasileiro. Ao completar R$ 20 de saldo, o usuário pode solicitar o resgate, por meio do site ou do aplicativo, e receber o dinheiro direto na sua conta bancária.
“O cashback é definido conforme a loja e os valores devolvidos podem chegar a 50%. Com a crise, os programas de fidelidade passaram a ser mais valorizados pelos consumidores, que buscam aproveitar ao máximo seu dinheiro”, explica um dos fundadores, Israel Salmen.
Segundo ele, para os lojistas, a ferramenta é também um canal de divulgação relevante, apesar da insegurança do consumidor com este modelo de negócio. “No Brasil, a população fica muito desconfiada quando uma empresa oferece um serviço gratuito e ainda devolve dinheiro. Não estamos acostumados a receber vantagens de graça aqui no país", pontua.
Mesmo com o pé atrás, a demanda tem crescido e despertado o interesse de startups e até mesmo bancos em abraçar esse nicho, como o Bradesco que criou o next, um banco totalmente digital, cujo cashback de até 25%.
Já a Beblue, dá a opção de o saldo ser transferido para amigos que também tenham o aplicativo. “Nós buscamos trazer estabelecimentos que atendam o consumo cotidiano das pessoas, assim atuamos em gastronomia em geral, postos de combustíveis, farmácias e o setor de serviços”, explica o CEO Murilo Silvério.
A Cashback World é outra nesse acirrado mercado em ascensão. No último mês lançou o eVoucher, um recurso que permite adquirir vales-compra digitais no aplicativo. A ferramenta já está disponível em mais de 30 países e para o Brasil a expectativa é expandir a aceitação tanto no varejo físico quanto no e-commerce. Entre as marcas parcerias hoje estão Centauro, Coco Bambu e Pizza Hut.
“Temos como meta desembarcar todos os mais relevantes nomes do varejo brasileiro na nossa plataforma até o próximo ano”, afirma o diretor geral da myWorld, operadora da Cashback World no Brasil, Davi Damazio, ressaltando o cashback médio deles é de 5% e, quando o saldo for acima de R$ 25, o dinheiro é depositado diretamente na conta bancária do cliente às quintas-feiras.
Os planos de cada plataforma não se restringem apenas aos percentuais de retorno e opções de resgate. Algumas cobram mensalidade e taxas, outras não. Por isso, é bom calcular antes.
O coordenador do curso de gestão financeira do Centro Universitário Internacional Uninter, Daniel Cavagnari, acredita que o cashback vale a pena, mas ressalta alguns cuidados antes da adesão, como verificar a idoneidade da empresa, taxas e mensalidade para avaliar se o benefício é real.
“Digamos que você sempre compra ou gasta com as empresas X, Y e Z. Essas empresas fazem parte de um programa de cashback e, portanto, há uma probabilidade altíssima de você receber de volta bem mais do que pagou ao programa. Neste caso compensa, do contrário não”.
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