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Queda do real

Causas domésticas explicam 90% da depreciação do real no primeiro semestre, diz estudo

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Segundo dados do Banco Central, do início do ano até a terça-feira (2), o real se enfraqueceu cerca de 14,6% frente ao dólar (Foto: Marcelo Andrade/Gazeta do Povo / arquivo)

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De acordo com o economista Lívio Ribeiro, 90% da dinâmica da depreciação do real em relação ao dólar no primeiro semestre deste ano está ligada a causas domésticas. A conclusão do economista tem como base os dados obtidos a partir de um modelo econométrico criado por ele que calcula a formação do preço do dólar levando em conta cinco variáveis.

No modelo, são levados em consideração o DXY, índice do dólar contra uma cesta de moedas; o CDS, medida de risco-país; o CRB, índice de preços de commodities; a diferença de juros de um ano entre a taxa americana e a brasileira; e os juros dos títulos públicos de 10 anos dos EUA.

Segundo dados do Banco Central (BC), do início do ano até a terça-feira (2), a taxa de câmbio se enfraqueceu cerca de 14,6% frente ao dólar. A moeda americana saiu de uma cotação de R$ 4,89, em 2 de janeiro de 2024, para fechar a R$ 5,66 no dia de ontem.

“Em geral, o modelo que usamos para identificar as contribuições externas e domésticas na variação cambial demonstram que o fator externo domina, e o doméstico tempera. O que estamos vendo mais recentemente é a proeminência do fator doméstico como pouco vimos até hoje, inclusive contaminando a dinâmica do ano inteiro. No exercício que fizemos até o dia 21 de junho, o resíduo doméstico do modelo explicou 90% da dinâmica de depreciação observada no acumulado do ano. Até aquele momento, acumulávamos 11,5% de depreciação, e não havia acontecido nada no mundo que justificasse isso”, disse Ribeiro em entrevista ao Blog da Conjuntura Econômica, da FGV Ibre, nesta terça-feira (2).

Questionado sobre o impacto do aumento da pressão fiscal no comportamento do câmbio, o economista disse que, atualmente, a questão fiscal é apenas “pano de fundo” para o que está ocorrendo.

“Se tomássemos as mesmas questões fiscais, que são mais estruturais, e as isolássemos da atual comunicação exacerbada do Executivo, o efeito sobre os ativos seria menor. Então, acho que agora o que aconteceu foi a soma dessas duas coisas: uma questão estrutural pré-existente, e a atual comunicação do Executivo com o mercado”, afirmou.

As conclusões obtidas pelo economista a partir dos cálculos do modelo econométrico contrastam com as declarações do presidente Lula (PT), que na terça-feira (2) chegou a afirmar que o Brasil está vivendo um “jogo de especulação” com sucessivas altas do dólar.

Após a declaração do petista, o dólar bateu R$ 5,66 na venda, um alta de 0,22% no dia. Foi o maior valor registrado desde 10 de janeiro de 2022, quando chegou a R$ 5,67.

A principal fonte de descontentamento de Lula é o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, que tem sofrido ataques constantes do petista, principalmente após o Comitê de Política Monetária (Copom) interromper o ciclo de cortes na taxa básica de juros no último dia 19. O colegiado manteve, por unanimidade, a Selic em 10,50%.

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