O dólar espelhou o ambiente externo de maior aversão a risco e encerrou a segunda-feira em alta frente ao real, em meio a preocupações sobre o crescimento econômico global.
A moeda norte-americana subiu 0,44 por cento, a 1,812 real na venda, na terceira valorização consecutiva. Ao longo da jornada, a divisa oscilou entre avanço de 1,27 por cento e queda de 0,39 por cento.
Em maio, o dólar acumula alta de 4,26 por cento, ao passo que o avanço no ano é de 3,96 por cento.
"A fonte das preocupações é o mercado europeu. Mesmo com a aprovação do pacote ainda se vê muita incerteza, o que provoca aversão a risco", disse José Roberto Carreira, gerente de câmbio da Fair Corretora.
O plano de ajuda no valor de 1 trilhão de dólares definido por líderes da União Europeia na semana passada não foi suficiente para tranquilizar os mercados, que agora direcionam as preocupações para os efeitos das medidas de austeridade sobre o crescimento do continente e do mundo como um todo.
O receio de que a China inicie um aperto monetário para conter o avanço de sua economia e dados macroeconômicos mais fracos nos Estados Unidos acentuavam o tom negativo.
O Federal Reserve de Nova York informou que seu índice do setor manufatureiro no Estado caiu para 19,11 este mês, ante 31,86 em abril, ainda indicando crescimento. Economistas ouvidos pela Reuters esperavam leitura de 30,0.
O ambiente mais cauteloso freava o apetite por ativos considerados mais arriscados. Mais cedo, o euro chegou a recuar à mínima em quatro anos ante o dólar, mas se recuperava no final da tarde. Ainda assim, a moeda norte-americana mantinha-se em alta frente a outras divisas.
O petróleo cedeu mais de 2 por cento, o que pressionava as bolsas de valores em Nova York e São Paulo, apesar de alguma melhora no final da tarde.
Carreira acrescentou que no curto prazo o comportamento do câmbio continuará atento aos desdobramentos da crise europeia e às perspectivas de retomada da economia norte-americana.
"Nossos juros ainda são um grande atrativo e a economia brasileira está bem. Mas enquanto os investidores estiverem cautelosos com a situação da Europa vamos ver isso refletido no mercado (de câmbio local)", disse. A Selic está atualmente em 9,50 por cento ao ano.
"É uma questão de se acertar lá fora. Ocorrendo isso, o dólar tem espaço para cair aqui."
Nesta sessão, o Banco Central realizou seu leilão diário de compra de dólares no mercado à vista a pouco mais de 10 minutos do fechamento do mercado. A taxa de corte definida foi de 1,8107 real.