O dólar subiu 1 por cento nesta quinta-feira, acompanhando a piora no mercado internacional após um movimento de realização de lucros.
Foi também o primeiro dia após a decisão do governo de estender a cobrança do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) sobre operações com ADRs. Embora analistas tenham minimizado o impacto direto da medida sobre a taxa de câmbio, predominaram as críticas ao novo anúncio do governo.
A moeda norte-americana subiu para 1,734 real. No exterior, às 16h27, o dólar subia 0,23 por cento em relação a uma cesta com as principais moedas, o índice Reuters-Jefferies de commodities caía 1,30 por cento, e as bolsas em Nova York caíam mais de 1 por cento.
"Quando tem uma realização (de lucros) lá fora, o pessoal tem a desculpa perfeita para puxar o dólar (aqui)", disse Francisco Carvalho, gerente de câmbio da corretora Liquidez.
O mercado atribuía a cautela observada em todo o mundo à incerteza sobre a retomada econômica global. Havia também, em menor grau, um pouco de precaução com a possibilidade de que outros países além do Brasil tomem medidas interpretadas como um controle de capital.
Na véspera, o governo anunciou uma taxa de 1,5 por cento em operações com ADRs, em um complemento da cobrança anunciada há um mês na entrada de capital estrangeiro em ações e renda fixa. O objetivo da nova medida é evitar que investidores buscassem a bolsa de Nova York, e não a Bolsa de Valores de São Paulo, para negociar ações brasileiras e fugir do novo imposto.
Embora profissionais de mercado afirmem que a alta desta sessão não esteve relacionada diretamente ao novo anúncio, Carvalho lembra que ele reforçou a perspectiva de agentes de mercado de que o governo está disposto a atuar sempre que a moeda se aproximar de 1,70 real.
"Ali no 1,710 (o mercado) já para, não dá muito para ficar vendido (com aposta na baixa do dólar). Não é à toa que diminui o volume", disse, acrescentando que é preciso haver alguma surpresa positiva para que o mercado tenha a força necessária para romper o suporte de 1,700 real.
Win Thin, estrategista de câmbio da Brown Brothers Harriman, em Nova York, questionou o processo de tomada de decisões pelo governo, apontando para a demora de um mês em corrigir uma distorção que já era prevista pelo mercado.
"Estava muito claro que haveria uma busca pelos ADRs para evitar a tributação. Então, o governo deveria estar preparado para isso, ou então deveria responder a isso quando o IOF foi anunciado pela primeira vez."
Na sexta-feira, com o feriado da Consciência Negra em São Paulo e no Rio de Janeiro, os dois principais centros financeiros do país fecham e tiram a maior parte do volume do mercado de câmbio. O mercado futuro, principal bússola para as operações à vista, também fecha.
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