• Carregando...

Só se o banco quebrar

O risco da aplicação em CDBs está atrelado à saúde financeira do banco. "O grande risco é o banco quebrar ou emitir mais títulos do que teria capacidade para honrar", diz o professor Meza Pinto. Por isso, é bom conhecer bem o banco com que se trabalha. Muitos ainda se lembram do caso do Banco Santos, que teve a falência decretada em 2005 e deixou na mão muitos investidores de pessoa física e jurídica. "Hoje em dia, analisando os balanços dos bancos, dificilmente a gente vê algum risco no horizente", afirma Meza. Mesmo assim, não custa concentrar o investimento em bancos de primeira linha, mesmo que o rendimento seja um pouco mais baixo.

O mercado de CDBs (Certificados de Depósito Bancário) tem se expandido com vigor nos últimos meses. Tentados pelas taxas mais atraentes, além da propaganda maciça de muitos bancos, os investidores têm reservado parcelas maiores de suas economias para aplicar nesses títulos. As razões estão nas seguidas perdas enfrentadas pelo mercado de capitais, ao lado de um apetite crescente dos bancos por recursos a serem aplicados nas operações de crédito.

Dados do Banco Central mostram que o saldo das aplicações em CDBs cresceu mais de 35% neste ano, superando pela primeira vez, em junho, os R$ 400 bilhões. Nesse intervalo, os fundos de investimento perderam ritmo e registram perdas líquidas (ou seja, saques maiores do que aplicações) desde abril. O patrimônio dos fundos se expandiu apenas em 4,5% no ano, sendo que em julho a captação foi negativa em R$ 20,3 bilhões, como mostra levantamento da Anbid (Associação Nacional dos Bancos de Investimento).

Na média, os CDBs estão com rentabilidade acumulada de 7,29% no ano, mas as taxas variam bastante de uma instituição para outra. Os fundos de renda fixa, a categoria com melhor retorno, aparecem com rentabilidade média de 7,50% – isso antes de a taxa de administração ser descontada. Como essas taxas estão em torno de 2% ao ano, podendo chegar a até 4%, o ganho efetivo do investidor é menor. Uma das vantagens dos CDBs é a de não cobrarem taxa de administração.

A popularização dos CDBs também é bastante positiva para os bancos, que têm neles uma maneira simples de obter recursos. "É a grande jogada que eles têm para aumentar sua lucratividade nas operações de crédito", define o economista Hugo Meza Pinto, professor das Faculdades Santa Cruz e da Universidade Positivo.

O mecanismo que leva à emissão dos CDBs começa com a necessidade das instituições de recursos para emprestar a seus clientes e realizar financiamentos. E, para isso, contam com diversas fontes, como a emissão de debêntures, de títulos no mercado internacional e de outras modalidades de captação.

Os CDBs estão entre esses papéis. São títulos que vencem em determinado período e pagam uma taxa de juros. "Hoje o CDB é mais interessante para eles porque é uma forma direta de obter dinheiro", diz o economista.

A preferência das instituições pelo CDB é opção recente. "Os bancos estavam com outra dinâmica de captação até 2007, menos dependentes dos CDBs. Um dos problemas para eles foi o compulsório sobre o leasing, que passou a comprometer parte dos recursos captados nesse segmento. Com isso, passaram nos últimos meses a oferecer taxas melhores para que os CDBs atraíssem mais aplicadores e conseguissem, assim, captar mais recursos'', afirma Ricardo Rocha, professor de finanças do Ibmec-São Paulo.

Quem decidir aplicar em um CDB deve se lembrar que eles são uma opção um pouco menos lucrativa e bem menos arriscada do que os fundos de ações, que renderam bons lucros para o investidor até o ano passado. E também precisa estar atento às características do produto, como prazos de vencimentos e taxas oferecidas, que variam bastante. Os bancos costumam ofertar vários tipos de CDB. "Tudo depende do volume que se tem para aplicar e do banco que o cliente buscar. Mas, de um modo geral, é fato que a remuneração subiu nos CDBs'', afirma o administrador de investimentos Fábio Colombo. "Essa é uma tendência que ainda vai perdurar por algum tempo, desde que a demanda por crédito se mantenha firme e os bancos continuem necessitando de recursos'', completa.

A alta nos juros pagos pelos CDBs atingiu praticamente todas as instituições, inclusive aquelas conhecidas como "primeira linha" – os maiores bancos comerciais. "É um bom momento para o investidor aproveitar os CDBs, pois os bancos estão dispostos a pagar taxas melhores do que aquelas oferecidas há não muito tempo. O CDB, em muitos casos, tem se mostrado imbatível em termos de retorno'', diz Rocha, do Ibmec-São Paulo.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]