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Empresariado afasta visão da China como ameaça em estudo sobre parceria com o Brasil

Comércio Brasil-China
Estudo do Conselho Empresarial Brasil-China (CEBC) aposta na parceria sino-brasileira como indutor de oportunidades e diversificação de exportações. (Foto: Pixabay)

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O Conselho Empresarial Brasil-China (CEBC) lança nesta quinta-feira (26) um estudo que aposta na parceria entre os dois países como indutor de oportunidades para os negócios e a economia nacional, com acesso mais veloz a novas tecnologias e possibilidades de diversificação da exportação.

O documento Bases para uma Estratégia de Longo Prazo do Brasil para a China foi elaborado pela diplomata e economista Tatiana Rosito. Com dez anos de experiência na Ásia, Rosito atuou nas Embaixadas do Brasil em Pequim e Cingapura e foi representante-chefe da Petrobras na China entre 2017 e 2019.

A publicação ocorre em momento de renovada tensão na relações entre os dois países. Nesta semana, o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) - que é filho do presidente Jair Bolsonaro e preside a Comissão de Relações Exteriores da Câmara - acusou o Partido Comunista Chinês de espionagem. Ele comentava a adesão do Brasil a uma iniciativa norte-americana que busca impedir a adoção da tecnologia de internet 5G da chinesa Huawei.

Em resposta, a embaixada chinesa no Brasil classificou as declarações como "infames" e afirmou que elas prejudicam o Brasil. Por causa do episódio, um grupo de parlamentares quer que o deputado seja destituído da presidência da comissão.

Apesar do alinhamento do governo Bolsonaro ao de Donald Trump, o que se viu nos últimos tempos foi um crescimento dos negócios do Brasil com a China e um declínio na relação comercial com os norte-americanos. A pandemia acabou consolidando os chineses como principais parceiros de negócios do país.

China é menos ameaça e mais oportunidade ao Brasil, diz estudo

No documento divulgado nesta quinta, a autora propõe o que chama de moldura para o relacionamento com a China, estruturada nos eixos econômico, institucional e de sustentabilidade, a partir de três agendas estruturantes: de infraestrutura, finanças e tecnologia.

A área de comércio e investimentos, caracterizada por Rosito como o "motor" da relação Brasil-China, é abordada tanto do ponto de vista da avaliação de êxitos e limites para as trocas entre os parceiros como das oportunidades abertas pela tecnologia – entre as quais o e-commerce, ainda pouco explorado pelo Brasil.

Rosito também analisa mudanças no cenário internacional, seus impactos para a China, o Brasil e as relações bilaterais, além de apresentar as transformações que a China deve experimentar até 2050 e os possíveis impactos desse movimento para o Brasil.

"A China desponta cada vez menos como competidora e ameaça e cada vez mais como referência e oportunidade, inclusive de como a ação governamental concertada pode estimular a transformação estrutural e a diversificação econômica", diz o documento.

Conforme destacado no estudo, "a velocidade das transformações e o papel das tecnologias digitais requerem grandes esforços e coordenação se o Brasil quiser se beneficiar da China com agregação de valor aos seus produtos". "Tão importante quanto o que o Brasil pode exportar para a China é o que o Brasil importa ou pode importar da China, e como pode construir canais estáveis e eficientes para absorção de novas tecnologias em que a China oferece liderança crescente", avalia.

As diretrizes apontadas por Rosito são baseadas na Estratégia Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social para 2020-2031. Lançada em 2018, na gestão Michel Temer, ela foi revista e consolidada em janeiro deste ano e atualizada em outubro pela Estratégia Federal de Desenvolvimento.

O documento é lançado em evento com participação do vice-presidente, Hamilton Mourão, que lidera, pelo lado brasileiro, a Comissão Sino-Brasileira de Alto Nível de Concertação e Cooperação (Cosban). Criada em 2004, ela é o principal mecanismo de diálogo e cooperação entre os dois países.

O estudo tem por objetivo contribuir para o debate sobre a relação bilateral e a elaboração de políticas públicas relativas ao país asiático, como subsídio para os formuladores e executores da política exterior do Brasil para a China, segundo o presidente do CEBC, embaixador Luiz Augusto de Castro Neves.

O momento é propício: em 2021, a Cosban deve se reunir no Brasil para traçar as prioridades da agenda bilateral para o próximo decênio, em seguimento ao Plano Decenal 2012-2021.

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