Após quase 16 anos de circulação, o real ganhará a partir do fim de abril uma nova família de cédulas, que foram redesenhadas para dificultar a falsificação e facilitar o reconhecimento das notas pela população, incluindo os deficientes visuais. Não será necessário correr aos bancos para fazer a troca do papel moeda, pois a substituição será feita à medida que as cédulas atuais se desgastarem.
Com mais itens de segurança, as cédulas também serão impressas em tamanhos variados, de acordo com o valor. Ou seja, a nota de R$ 2 será menor que a de R$ 5, e assim por diante. Apenas a nova nota de R$ 10 terá o mesmo tamanho de hoje.
A estreia será feita com as notas de R$ 50 e R$ 100, cédulas que concentram cerca de 95% das falsificações do dinheiro brasileiro. Em no máximo dois anos, todas as notas terão suas novas versões na rua e a expectativa é que 100% do dinheiro em circulação já seja da nova família em 2013 ou 2014.
Custo maior
Por serem de tamanhos diferentes e com novos elementos de segurança, a impressão dessas cédulas custa, na média, 28% mais que o valor atual. Segundo o chefe do Departamento de Meio Circulante do Banco Central, João Sidney de Figueiredo, o BC paga R$ 168 para imprimir mil notas atuais. Agora, passará a pagar cerca de R$ 200 para imprimir o mesmo número de cédulas.
Ele acredita, porém, que o custo maior será compensado com o tempo, uma vez que as cédulas novas terão uma vida útil 30% maior. Atualmente, notas de maior valor R$ 20, R$ 50 e R$ 100 circulam entre 2,5 e 3 anos. As de menor valor de R$ 2 e R$ 5 têm vida de até 1 ano, geralmente.
As novas cédulas do real também servirão para combater um dos principais problemas do dinheiro no Brasil: a falsificação. Dados do BC mostram que, atualmente, existem 143 notas falsas para cada 1 milhão de cédulas em circulação. A taxa de dinheiro ilegal no Brasil é cerca de três vezes superior à observada na Europa, já que a média da região do euro é ter 53 cédulas falsas a cada milhão.
Segundo o ministro da Fazenda, Guido Mantega, a renovação da moeda vem em um momento no qual a atividade econômica em expansão necessita de mais meio circulante. Ele afirmou que o novo dinheiro será emitido dentro de padrões tecnológicos compatíveis com os usados na fabricação das cédulas de euro.
Para a fabricação da nova família, a Casa da Moeda investiu cerca de R$ 400 milhões nos últimos anos, dos quais R$ 260 milhões foram gastos com a compra de máquinas de impressão. Assim, a estatal também poderá atender às exigências para a impressão de dinheiro de outros países, algo que não é feito desde meados da década de 1980.
"Forte demais"
Mantega também afirmou que o real é uma moeda forte porque o Brasil é uma economia forte. "Às vezes alguns empresários reclamam que a moeda é forte demais, mais isso é da vida, infelizmente a vida é assim", disse o ministro na solenidade de apresentação da nova família de cédulas do real.