Foz do Iguaçu Os visionários da filosofia "software livre" apostam suas fichas na capacidade de os programas de código aberto deslancharem e se tornarem mais populares a partir da maior utilização da tecnologia nos telefones celulares. Uma das vantagens dessa aplicação, segundo eles, seria a possibilidade de o usuário ter total controle sobre o equipamento, evitando espionagens e escutas.
Para Richard Stallman, considerado o pai do software livre e criador da Free Software Foundation, o uso dos celulares com sistema operacional livre, cujos protótipos já estão sendo testados na Europa com sucesso, vai melhorar a segurança para o usuário porque o aparelho não ficará vulnerável a vírus criados para telefones que funcionam com softwares proprietários, como Windows Mobile e Symbian. "Quando você desligar o telefone, ele não vai emitir nenhum sinal. Por outro lado, o software proprietário fica espionando você e o único jeito de obter segurança é tirar a bateria dele", diz.
O conselheiro da Fundação Software Livre América Latina, Alexandre Oliva, diz que a utilização do software livre para os usuários finais será cada vez mais acelerada. Ele profetiza que a próxima geração de telefones celulares e outros dispositivos será dominada pelo GNU/Linux, "da mesma forma que aconteceu em servidores de rede há muitos anos, depois nas grandes corporações financeiras dos Estados Unidos e nas grandes cadeias de varejo no Brasil".
Oliva diz que a disseminação do software livre em desktops é mais lenta em razão do "aprisionamento" causado pelos padrões proprietários, e de campanhas de grandes desenvolvedoras que reforçariam o "medo do desconhecido."
Teorias conspiratórias à parte, o fato é que, no Brasil, enquanto a tecnologia "free" para celulares não chega, o uso do software livre vem sendo incentivado há anos por meio de associações e iniciativas governamentais. Ainda assim, ela não atinge a massa de usuários finais, limitando-se mais à esfera pública.
O diretor-presidente do Serviço Federal de Processamento de Dados (Serpro), Marcos Vinícius Mazoni, diz que atualmente 70% dos servidores de empresas públicas são baseados em código aberto. Atualmente, o Serpro economiza R$ 19 milhões com a adoção do software livre e a Previdência Social, R$ 27 milhões. No Paraná, o processo é semelhante. Por meio de programas como o Expresso (e-mail) e o Paraná Digital, o estado já economizou cerca de R$ 130 milhões em licenças de software, conforme levantamento da Companhia de Informática do Paraná (Celepar).
As perspectivas e usos do software livre foram debatidas durante a 4.ª Conferência Latino-Americana de Software Livre (Latinoware 2007), realizada na semana passada em Foz do Iguaçu. Durante os dias 12 e 13, foram realizadas cerca de 60 palestras, 16 mini-cursos, exposição de projetos e a olimpíada de robótica, por meio do qual alunos montaram robôs que funcionam com programas open-source.