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Apesar do aumento no número de antenas, a qualidade do sinal de celular e internet ainda é alvo de queixas na capital | Marcelo Andrade/ Gazeta do Povo
Apesar do aumento no número de antenas, a qualidade do sinal de celular e internet ainda é alvo de queixas na capital| Foto: Marcelo Andrade/ Gazeta do Povo

Alcance limitado

Frequência escolhida para 4G dificulta sinal de boa qualidade

A frequência escolhida no Brasil para o uso da tecnologia 4G é outro empecilho para a boa qualidade do serviço de telefonia móvel. Aqui, para a internet móvel de quarta geração funcionar, a faixa de frequência que o sinal percorre é de 2,5 gigahertz (GHz). Tecnicamente, quanto maior a frequência usada, menor o alcance das ondas emitidas pelas antenas.

Por causa disso, para um bom funcionamento da tecnologia no Brasil, é necessária a instalação de muito mais antenas 4G. "Isso fica ainda mais complicado nas regiões da cidade com muitos prédios e barreiras físicas, que bloqueiam as ondas", afirma o engenheiro de telecomunicações Alfredo Busso.

A escolha desta frequência se deu por que as outras faixas já são ocupadas por outros serviços. A faixa de 700 megahertz, por exemplo, que é usada nos Estados Unidos, hoje está ocupada com a transmissão de televisão analógica. A ideia é que, assim que o sinal de tevê digital se torne obrigatório em todo o país, em dezembro de 2018, as operadoras de celular passem a usar a frequência mais baixa para a internet móvel. "Até lá, no entanto, será preciso investir na instalação de antenas ou então o usuário vai ter que conviver com uma cobertura deficiente", completa Busso.

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Nova lei facilita instalação de antenas

No final de 2013, a prefeitura de Curitiba sancionou a lei que permite a instalação de antenas de radiocomunicação em lugares como topos de prédios, caixas d’água, torres de iluminação e qualquer ponto da cidade com altura mínima de 10 metros. A nova norma também prevê que só são necessárias licenças ambientais para estações construídas em áreas de preservação especial, que dependam de intervenção em vegetação ou estejam em imóveis afetados por recursos hídricos. Pela regra anterior, o licenciamento ambiental era exigido para todas as antenas.

A mudança, de acordo com o sindicato das operadoras (SindiTelebrasil), vai facilitar a expansão da infraestrutura de telefonia móvel e de banda larga pelo celular, permitindo uma melhoria na qualidade das redes. Em nota, a instituição informa que as antigas restrições interferiam na qualidade dos serviços prestados pelas empresas. A nova lei também permite a instalação de estações de rádio-base a menos de 50 metros de escolas, creches, hospitais, centros de saúde e igrejas.

Um ano e meio depois da maior punição já aplicada às operadoras no país, o número de antenas de telefonia móvel em funcionamento em Curitiba aumentou 13%. A alta no ritmo de instalações, no entanto, não foi suficiente para desafogar o serviço na cidade. O número de reclamações desde então só cresceu e as operadoras frequentemente descumprem as metas de qualidade estabelecidas pela Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel).

INFOGRÁFICO: Punição acelera investimentos no setor

Desde agosto de 2012 – quando a agência reguladora proibiu a venda de chips das empresas com mais reclamações em cada estado – até o final do ano passado, foram instaladas mais antenas do que nos quatro anos anteriores somados. Enquanto nos últimos 18 meses a cidade ganhou 100 novas Estações Rádio Base (ERBs), de 2007 a 2011 foram instaladas apenas 92. Por mês, o ritmo de instalação saltou de 1,91 novas EBRs para cinco. Ao todo, 856 antenas estão em operação na capital paranaense.

Mesmo assim, o serviço continua operando no limite. De acordo com a avaliação trimestral da Anatel, em um ano de monitoramento da qualidade dos serviços prestados pelas empresas, a melhora foi pequena e frequentemente as operadoras trabalham com registros de acesso e desconexão abaixo da meta estipulada pela agência.

De diferente desde então, só o número de reclamações. Em 2012, a agência registrou 38 reclamações formais por mês a cada 100 mil usuários. Já no ano passado a média subiu para 44 ocorrências a cada 100 mil clientes, uma alta de 15%.

Sem melhoria

Segundo o consultor em telefonia móvel Oswaldo Olivetti, o número de novas antenas é uma prova dos investimentos feitos pelas operadoras, mas o aumento da base de usuários não permite que o consumidor note uma melhora nos serviços. "Existia um déficit histórico de infraestrutura que vai levar alguns anos para ser sanado, se é que um dia ele será. O aumento da demanda também contribui para que o serviço não melhore sensivelmente", afirma.

Independentemente disso, as empresas têm uma meta de investimentos a cumprir. Para voltar a vender chips na época da punição, as operadoras se comprometeram a destinar R$ 31 bilhões a ações e obras de infraestrutura até o final de 2014. Até julho do ano passado, no último levantamento feito, 47% da meta havia sido cumprida.

Para diminuir o número de reclamações e melhorar a imagem junto aos clientes, as empresas estão tentando se aproximar dos usuários. Vivo e Tim, por exemplo, inauguraram portais em que os consumidores podem conferir quais as áreas de cobertura da operadora e onde o sinal é mais forte ou mais fraco.

A empresa italiana afirma que em 2013 chegou a investir R$ 146 milhões em obras para a melhoria de transmissão de dados.

Já a Oi informa que somente no ano passado investiu R$ 236 milhões no Paraná e que os recursos tiveram como foco o tripé operações, engenharia e tecnologia da informação.

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