Câmbio

Dólar retorna a R$ 1,90 com precaução sobre EUA

São Paulo – O dólar comercial foi negociado a R$ 1,902 para venda, uma alta de 1,49%, nas últimas operações de ontem. O Banco Central entrou no mercado próximo ao horário de encerramento dos negócios e adquiriu moeda a R$ 1,8950 (a taxa de corte). O risco-país, medido pelo indicador Embi+ (JP Morgan), marcava 199 pontos no final da tarde, com acréscimo de 2,05% sobre a pontuação final do dia anterior.

Para profissionais das mesas de câmbio, prevaleceu a preocupação com a economia americana. "Entre operadores das mesas [de câmbio], se comentou que alguns grandes bancos não quiseram passar o final de semana expostos e zeraram suas posições [compraram moeda], com medo de alguma surpresa desagradável com o setor imobiliário lá nos Estados Unidos", afirma Luiz Carlos Balden, diretor da corretora Fourtrade. "É claro que isso é extra-oficial, mas aparentemente, algumas grandes instituições financeiras quiseram passar um final de semana mais tranquilo. As bolsas também caíram bastante, e nesses dias o dólar sempre sobe", acrescenta.

Investidores e economistas estão mais sensíveis às más notícias vindas da economia americana, em que bancos e grandes fundos sofrem com problemas vindos de empréstimos imobiliários de alto risco ("subprime"). Partcipantes do mercado temem que mais empresas revelem problemas de caixa por terem recursos aplicados nesses créditos podres.

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São Paulo – As ações da Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) encerraram o pregão de ontem com forte queda, com o recrudescimento das preocupações de investidores com a economia americana. O Ibovespa, principal indicador dos negócios, sofreu perdas de 3,37%, aos 52.846 pontos. O volume financeiro foi significativo, de R$ 4,08 bilhões, o que sinaliza o grau de pessismismo dos investidores. Mas a oscilação dos últimos dias foi tanta que, no acumulado da semana, a bolsa ficou no zero a zero.

Nos Estados Unidos, a Bolsa de Valores de Nova Iorque fechou em queda de 2,11%, com 13.179 pontos no índice Dow Jones Industrial Average (DJIA). A Bolsa Nasdaq registrou queda de 2,51% e ficou com 2.511,25 pontos.

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Um somatório de más notícias precipitou a derrocada. Pela manhã, o humor dos investidores já foi azedado pelo desempenho do mercado de trabalho americano: o Departamento de Trabalho dos EUA revelou uma taxa de desemprego acima do esperado (4,6% contra projeções de 4,5%), combinada com uma geração de postos de trabalho abaixo do previsto (92 mil novos empregos contra expectativas de 126 mil).

A criação de empregos nos EUA vem registrando perda de força mês a mês: em junho foram criadas 126 mil vagas e em maio, 188 mil – os números foram revisados para baixo, em relação às leituras iniciais: 132 mil e 190 mil, respectivamente. A média de novos postos de trabalho neste ano nos EUA ficou em 136 mil por mês.

À tarde, um novo indicador surpreendeu negativamente os participantes do mercado: o ISM (sigla em inglês para Instituto de Gestão de Oferta, que apura o índice) informou que o setor de serviços da economia dos EUA registrou expansão em julho, mas a um ritmo menor que o observado um mês antes – o índice de atividade do setor ficou em 55,8 pontos em julho, contra 60,7 em junho.

O índice de julho também foi o menor desde março e ficou abaixo do esperado pelos analistas, 59 pontos. Leituras acima de 50 pontos indicam expansão do setor; abaixo desse patamar, o índice aponta para contração.

Além disso, a agência de classificação de risco Standard & Poor's rebaixou suas expectativas sobre o banco de investimentos Bear Stearns para "negativo" (a classificação anterior era "estável"), devido à exposição do banco aos mercados de hipotecas e aquisições empresariais.

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Os investidores ainda permanecem incertos sobre o efeito da inadimplência no setor de hipotecas "subprime" (de maior risco) sobre a economia como um todo.

"As pessoas viram que o contágio [dos prejuízos do mercado de hipotecas dos EUA] pode se espalhar inclusive para empresas de outros países e que o problema pode ser muito maior do que se pensava anteriormente", afirma o analista da corretora Souza Barros, André Borghesan.