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Mercado

Cenário externo derruba Bolsa e faz dólar disparar 3,5%

A possibilidade de haver uma nova alta nos juros nos Estados Unidos fez com que os mercados aprofundassem ontem um movimento de fortes oscilações que teve início na segunda semana de maio. A Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) caiu 3,27%, seguindo uma tendência registrada na maioria dos mercados ao redor do mundo. O dólar disparou 3,57% e terminou o dia vendido a R$ 2,289, maior cotação desde o começo de janeiro deste ano.

O principal fator que tem influenciado a Bolsa e a cotação do dólar no Brasil é o cenário externo. Os investidores vinham operando com base em uma perspectiva de que os juros americanos, que estão em alta desde o primeiro semestre de 2004, parariam de subir em maio, quando chegaram a 5% ao ano. Mas o Fed, banco central dos EUA, deu sinais de que pode fazer novos ajustes na taxa para evitar que a inflação americana acelere nos próximos meses. Com a incerteza sobre o futuro dos juros, começou um movimento de correção no qual são reduzidos os investimentos com risco alto em troca de títulos dos EUA.

"Parece que chegamos ao ápice da intranqüilidade no cenário internacional", diz o economista Odair Abate, estrategista-chefe do BankBoston. "Os investidores anteciparam uma possibilidade e adotaram uma posição defensiva." O impacto dessa alteração na perspectiva nos mercados é mais profundo em economias emergentes, como o Brasil. Elas apresentam riscos maiores e, por isso, os aplicadores deixam suas posições nesses países quando percebem que pode ocorrer uma ruptura no cenário internacional.

A saída de investidores é notada no Brasil nas últimas duas semanas. O Ibovespa, principal índice da Bolsa de São Paulo, registrava uma alta de 25% no período de 2 de janeiro até 9 de maio. Ontem, o porcentual acumulado no ano já estava em menos de 15%. Nas duas últimas semanas, a cotação do dólar saltou de R$ 2,06 para R$ 2,28 – uma valorização pouco superior a 10%. "Essa volatilidade vai continuar até a próxima reunião para a decisão dos juros nos EUA, no fim de junho", afirma o economista Thiago Davino, da consultoria GRC Visão. Segundo ele, os analistas vão seguir de perto os números da inflação e da atividade econômica americanos.

Por enquanto, as oscilações nos mercados ocorrem porque há uma chance de o Fed elevar os juros mais uma vez, de 5% para 5,25% ao ano. Essa possibilidade se tornará mais provável com índices de inflação mais altos do que o esperado, já que as taxas de juros são elevadas para conter aumentos de preços. A atividade econômica também influencia na decisão do Fed porque quando ela está muito aquecida, a inflação tende a subir. "Muitos investidores vão preferir ganhar com as taxas dos Estados Unidos e essa busca está sendo antecipada", explica Davino.

O tamanho e a duração do tranco sobre os mercados de câmbio e ações no Brasil ainda não estão claros para os analistas. Caso os investidores se convençam que a elevação dos juros americanos parará em 5% ou 5,25% ao ano, é provável que a volatilidade fique menor até o fim do mês. "Há indícios de que a economia americana começou a arrefecer e assim os juros não passariam dos 5,25% e os ajustes dos investidores logo terminariam", diz o economista Fernando Sampaio, sócio-diretor da LCA Consultores. "A turbulência seria bem maior se a inflação dos EUA escapasse de controle e os juros tivessem de ir a 5,75% ou 6%."

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