O atual cenário macroeconômico justificou a redução no ritmo de corte da taxa básica de juro do país em janeiro, informou o Banco Central (BC).
"A maioria dos membros do Copom ressaltou que as informações sobre o cenário macroeconômico disponíveis neste momento justificavam uma mudança no ritmo de flexibilização (da política de juro)", afirmam os diretores do BC na ata da reunião de janeiro do Comitê, divulgada nesta quinta-feira.
Para a maioria dos membros do Copom, a preservação das conquistas obtidas no combate à inflação e a manutenção do crescimento econômico sugerem que a política de juros passe a ser conduzida com "parcimônia'' já a partir do início deste ano.
"Essa ponderação se torna ainda mais relevante quando se leva em conta os sinais de demanda aquecida, as pressões sobre a inflação no curto prazo e que as decisões de política monetária passarão a ter impactos concentrados no segundo semestre de 2007 e, progressivamente, em 2008'', afirmaram os integrantes do Comitê na ata.
O Copom avisa ainda que, em caso de aumento do risco inflacionário, adequará a política monetária às novas circunstâncias.
Antes de o Copom realizar a sua última reunião, o IBGE informou que a inflação medida pelo IPCA-15 (considerado uma prévia do IPCA, usado no sistema de metas da inflação) teve alta de 0,52% em janeiro, contra 0,35% no mês anterior. Nesta terça-feira, a Fundação Getúlio Vargas (FGV) informou que o IGP-M de janeiro foi de 0,50%, contra 0,32% em dezembro. Nesta quarta-feira, saiu o Índice de Preços ao Consumidor Semanal (IPC-S), que ficou em 0,69% em janeiro, contra 0,63% em dezembro.
De fato, estão sendo verificadas pressões inflacionárias neste início de 2007 - como atestam os índices - mas os críticos da redução do ritmo de queda nas taxas de juros afirmam que as altas são passageiras e que não há o menor risco de a inflação fugir da meta de 4,5% este ano (com margem de tolerãncia de dois pontos percentuais para mais ou para menos). Além disso, afirmam os críticos, a economia do país não está tão aquecida como ponderam os diretores mais conservadores do BC, e haveria espaço para um crescimento bem maior, que seria estimulado por uma política mais agresssiva do Copom em relação aos cortes dos juros.
Na reunião realizada na semana passada, o Copom decidiu, por 5 votos a 3, reduzir para 0,25 ponto percentual o ritmo no corte na taxa Selic. Com isso, a taxa básica de juros do país caiu para 13% ao ano. Os três votos dissidentes queriam manter o tamanho do corte do juro em 0,50 ponto percentual.
Preços administrados
O conjunto dos preços administrados pelo governo por contrato deve aumentar 4,5% em 2007, prevê o BC, segundo a ata do Copom. Os itens administrados tiveram peso total de 31,04% no IPCA de dezembro. Tal previsão é pouco inferior à do Relatório Trimestral de Inflação divulgado pelo Banco Central em dezembro, segundo o qual o reajuste seria de 4,8% este ano.
A previsão é de aumento zero para a gasolina em 2007.
O BC prevê que as tarifas residenciais de eletricidade terão aumento acumulado de 4,6% em 2007. Para a tarifa de telefonia fixa, a estimativa é de aumento de 3,9% este ano.