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Comércio exterior

Cenário muda com queda das commodities

A combinação entre o aumento da oferta de produtos e a desaceleração da economia da China, um grande importador de matérias-primas, fez os preços das commodities despencarem neste ano, retornando aos patamares do auge da crise financeira global de 2008. Além de significar receita menor aos produtores, a queda dos preços afetará diretamente a já combalida balança comercial brasileira. E o alívio que os preços mais baixos poderiam trazer à inflação, no caso da soja mais barata, por exemplo, não será sentido pelo consumidor por causa da alta do dólar ante o real.

Cálculos da Rosemberg Associados mostram que as receitas de exportações, somente com soja e minério de ferro, devem diminuir em cerca de US$ 17,5 bilhões do total das receitas de produtos agrícolas em 2015. O resultado, estima a consultoria, será um déficit na balança de US$ 2 bilhões. De outro lado, o efeito do preço mais baixo desses produtos e de seus derivados não será sentido pelo consumidor no mercado interno.

"O cálculo foi feito com a estimativa de que os volumes exportados irão se manter. A perda, no caso da soja, será de US$ 10,5 bilhões, e a do minério de ferro, de US$ 7 bilhões", estima Rafael Bistafa, da Rosemberg Associados.

A conta considera uma redução média de 30% nos preços da soja e de 25% no minério de ferro. No caso do minério, a queda no ano já chega a quase 40% no mercado global, mas a Vale, principal produtora mundial, tem um produto considerado de melhor qualidade e acaba conseguindo um prêmio sobre o preço.

Clemens Nunes, professor da Escola de Economia da Fundação Getúlio Vargas (FGV-SP), lembra que uma consequência da queda do preço das commodities é o efeito no dólar. O menor fluxo de moeda estrangeira para o país proveniente das exportações, observa ele, contribui para pressionar a cotação da moeda norte-americana. Alguns analistas, como os da Nomura Securities, já apostam em um dólar a R$ 2,85 até o fim de 2015. "A alta atual da moeda e a que virá vão influenciar os índices de inflação. Leva um tempo para esse repasse acontecer", diz Nunes.

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