Encontre matérias e conteúdos da Gazeta do Povo
Mercado financeiro

Cenário sugere risco de novas bolhas

Gigante chinesa do e-commerce, Alibaba deve levantar US$ 24,3 bilhões com abertura de capital na sexta-feira: apontada como maior IPO da história, operação oculta ameaça de bolha | Lang Lang/Reuters
Gigante chinesa do e-commerce, Alibaba deve levantar US$ 24,3 bilhões com abertura de capital na sexta-feira: apontada como maior IPO da história, operação oculta ameaça de bolha (Foto: Lang Lang/Reuters)
  • Ícone de reações Concordo
  • Ícone de reações Concordo parcialmente
  • Ícone de reações Penso diferente

Às vésperas da maior oferta inicial de ações (IPO, na sigla em inglês) da história – a gigante chinesa do e-commerce Alibaba deve levantar US$ 24,3 bilhões na sexta-feira, segundo previsões do mercado –, está acirrada a disputa pelo título de novo "oráculo do apocalipse". Desde o colapso financeiro de 2008, nunca se alertou tanto para a formação de bolhas. De acadêmicos, como o Nobel Robert Shiller, a megainvestidores, como Carl Icahn, críticos veem com preocupação os preços inflados de ações e imóveis.

O argumento é de que os inéditos estímulos econômicos concedidos pelo Federal Reserve (o Fed, banco central americano), como a compra de trilhões de dólares em títulos e juros nominais zerados, elevaram o valor dos ativos de forma perigosa. Mas analistas ressalvam que, dado o ineditismo da conjuntura americana, nem tudo o que parece bolha está fadado a estourar.

Sinais óbviosAlguns sinais de que estamos diante de um período de exceção são óbvios. As medidas do Fed acabaram com a rentabilidade dos títulos do governo e de outras aplicações de renda fixa, empurrando investidores para apostas mais arriscadas. Mesmo com a economia em recuperação, o índice de ações S&P 500 atingiu no último dia 5 o maior patamar histórico, aos 2.007 pontos.

Em julho, a presidente do Fed, Janet Yellen, disse não crer que haja perigo nas ações, mas admitiu sinais de bolhas nos mercados de crédito e dívida corporativa.

Mas Michael Viriato, do Insper, pondera que o fato de o preço dos papéis estar alto não quer dizer muita coisa. Segundo ele, os alertas frequentes sobre bolhas são consequência do trauma com a crise passada. "As Bolsas americanas realmente estão valorizadas, mas é preciso olhar para frente. Desde os anos 1950, a relação entre o preço e o lucro das ações do S&P 500, embora um pouco acima da média, ainda é aceitável. Ou seja, se o lucro das companhias continuar subindo, o preço também pode avançar. Por isso, antes de falar em bolha por causa de preço alto, é preciso questionar se o lucro continuará sustentável", diz.

Um dos indicadores favoritos dos economistas para saber se o preço das ações é justo se chama Cape. Ele divide o valor dos papéis pelo lucro médio das empresas na última década. Um dos seus criadores é Shiller, que publicou artigo recente no The New York Times afirmando que, sim, as ações americanas "parecem caras demais".

No texto, Shiller diz que a média do indicador no século 20 foi de 15,21 e que, hoje, ele está acima de 25 – marca só superada em três períodos desde 1881: antes de 1929, 1999 e 2007, quando estouraram três bolhas catastróficas. Os precedentes são de mau agouro, mas o próprio Shiller ressalva que o indicador esteve acima de 20 nas duas últimas décadas e que ele não sabe o porquê disso.

Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Principais Manchetes

Receba nossas notícias NO CELULAR

WhatsappTelegram

WHATSAPP: As regras de privacidade dos grupos são definidas pelo WhatsApp. Ao entrar, seu número pode ser visto por outros integrantes do grupo.