O presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Luiz Moan, afirmou nesta sexta-feira (9) que a situação do setor "não é fácil" e que os cenários dos estoques e das vendas para o mercado externo "são extremamente preocupantes" em meio ao momento de ajuste da capacidade produtiva e do ritmo de vendas vivido pelo segmento.
Apesar do diagnóstico negativo, Moan relativizou a situação e disse que o Brasil continua como o quarto maior mercado automotivo do mundo em um cenário de muita competição. "O que temos é um descompasso entre as vendas e a nova capacidade de produção", disse, destacando que o segmento planeja grandes investimentos em novos modelos e na expansão da capacidade produtiva.
Em abril, a venda de veículos leves, ônibus e caminhões apresentou recuo de 12,1%, na comparação com o mesmo mês do ano passado. Já a produção teve retração 21,4% entre abril de 2013 e abril de 2014, segundo dados divulgados pela Anfavea hoje. Na comparação com março, houve avanço nos licenciamentos (21,8%), mas uma expansão mais tímida na produção (1,6%).
Exportação
Moan destacou que os dados referentes às exportações são "o exemplo mais clássico da volatilidade do mercado". Na passagem de março para abril, a quantidade de veículos exportados aumentou 55,7% e a receita com as vendas para outros países cresceu 17,1%. De acordo com o presidente da Anfavea, a alta expressiva registrada em abril se deve ao desempenho "ruim" de março, prejudicado pelos entraves nas vendas para a Argentina.
Argentina
"O processo de negociação entre os governos brasileiro e argentino e os setores privados dos dois países ao longo do mês de abril já mostrou melhoras (no desempenho das exportações)", afirmou o executivo. Entre os pleitos da Anfavea está a prorrogação do acordo automotivo com a Argentina por dois anos, "nos atuais moldes, em um cenário de livre-comércio e com o índice do flex em 1,95", destacou Moan.
Pela proposta da Anfavea, para cada US$ 1 milhão em veículos argentinos exportados para o Brasil, as montadoras brasileiras teriam direito a exportar US$ 1,95 milhão ao país vizinho sem incidência de imposto de importação. A Argentina propõe a volta do sistema de "flex", mas com um índice menor, de 1,30. Na última quinta-feira (8), o ministro do Desenvolvimento Indústria e Comércio Exterior, Mauro Borges, anunciou que o acordo será estendido provisoriamente por um ano sem limitação de comércio.
O presidente da Anfavea destacou que o impasse com o país vizinho é a prioridade nas discussões com o governo, a ponto de outros assuntos, como a recomposição do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) não ter tido espaço nas reuniões. "Todas as sinalizações que tenho são de que o IPI vai voltar às alíquotas originais em julho", comentou o executivo.
Crédito
O setor aguarda ainda mais flexibilidade na concessão de crédito. "Neste momento o governo está discutindo com a rede bancária quais mecanismos seriam factíveis para reduzir o grau da seletividade do crédito", disse Moan. De acordo com o presidente da Anfavea, é necessário aguardar as possíveis medidas adotadas tanto no tocante à situação creditícia quanto ao impasse das exportações para a Argentina, para que as projeções do setor para este ano sejam revisadas. "Apesar de haver um viés de baixa, não estamos revisando estimativas neste momento", disse.
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