O investimento de cerca de US$ 2,5 bilhões da Cenibra para construir uma fábrica de celulose em Minas Gerais pode não sair do papel. O entrave é a restrição à compra de terras por estrangeiros, incluindo empresas brasileiras controladas por grupos estrangeiros, conforme parecer da Advocacia-Geral da União (AGU) publicado no 'Diário Oficial', em agosto de 2010.

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As restrições completaram um ano e quatro meses sob intenso lobby e sem nenhum resultado no aumento do controle sobre esse tipo de negócio. O desfecho da polêmica ficou para o ano que vem. "Caso não haja mudanças nesse parecer, o projeto está praticamente descartado", disse à Agência Estado o presidente da Cenibra, Paulo Eduardo Rocha Brant.

A Cenibra é controlada pela holding Japan Brazil Paper and Pulp Resources Development (JBP), formada por várias empresas japonesas, entre elas a Oji Paper, a Itochu e a Nippon Paper, e tem planos de dobrar a atual capacidade do complexo em Belo Oriente (MG) para cerca de 2,6 milhões de toneladas anuais. O projeto, entretanto, está na expectativa de que o governo estabeleça novas diretrizes para a compra de terras por estrangeiros. "Os japoneses não iniciarão nada até que essa questão se resolva, já que há uma insegurança jurídica enorme."

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Somente após uma situação mais clara é que a direção da Cenibra e os grupos japoneses devem se debruçar sobre o projeto. Quando isso ocorrer, outra barreira precisará ser superada: o alto custo das atividades de colheita da Cenibra, empresa com faturamento anual de cerca de R$ 1,4 bilhão.

De acordo com Brandt, cerca de 40% da atividade é manual, já que parte das florestas da Cenibra está em áreas de maior inclinação. Esse porcentual, anteriormente administrável, reduziu a competitividade da Cenibra por causa da alta do salário mínimo e, consequentemente, dos custos com o trabalhador do campo. "Temos cerca de 6.500 trabalhadores nas florestas, e esse modelo de produção passou a ser inviável. Por isso, precisamos trabalhar nesse desafio."

Para viabilizar uma nova fábrica, a terceira da Cenibra em Belo Oriente, a participação da colheita mecanizada precisará ser ampliada dos atuais 60%. Para isso, a companhia terá de investir em equipamentos e tecnologias, o que elevaria o investimento em US$ 500 milhões - os US$ 2 bilhões restantes serão destinados à área industrial. A empresa também poderá recorrer a uma maior fatia de terras de terceiros, atualmente de apenas 10%.

Além do desejo da Cenibra de viabilizar a unidade, outro aspecto favorável é a existência de terras na região. Segundo Brant, a companhia tem de 20 mil a 25 mil hectares de florestas não utilizadas nas atuais operações. Com essa reserva, e diante da possibilidade de comprar madeira de terceiros, a Cenibra teria condições de iniciar as operações da nova unidade entre 2015 e 2016, caso o parecer da AGU seja revisto no curto prazo. As informações são do jornal O Estado de S.Paulo.