O Censo Agropecuário 2017, divulgado oficialmente pelo governo nesta sexta-feira (25) em Curitiba, revelou em detalhes as transformações de um país que ficaram "escondidas" por 11 anos. A última fotografia do setor havia sido tirada em 2006. Desde então muita coisa mudou no campo.
O estudo, que se refere ao período entre 1 de outubro de 2016 e 30 de setembro de 2017, identificou pouco mais de 5 milhões de estabelecimentos agropecuários, 102 mil propriedades a menos que em 2006.
Uma análise macro revela um setor que cresce em produção e receita, que é cada vez mais tecnológico e mecanizado, mas que emprega menos mão de obra e mais agrotóxicos. Cresceu também a participação das mulheres na gestão das propriedades.
O que revela o Censo agropecuário 2017
O censo mostra que as atividades agropecuárias geraram receita de R$ 394 bilhões no período analisado. Os dados revelam o contínuo ganhou de produtividade da agricultura brasileira. A soja, por exemplo, registrou aumento de 123% na produtividade no período, milho e cana-de-açúcar, ambos 56%.
No setor leiteiro, houve redução no total de vacas ordenhadas, mas aumento da produção de leite (62%) que ultrapassou 30 bilhões de litros, o que significa melhor produtividade. Aumentos significativos foram registrados também na criação de suínos e aves.
As cabeças de gado eram 172 milhões em 2017. Como a coleta de dados sobre o rebanho bovino ocorreu em períodos diferentes do ano em 2006 e em 2017, a metodologia desaconselha fazer comparações diretas entre os números.
Durante esse período de 11 anos, o setor agropecuário perdeu cerca de 1,5 milhão de trabalhadores, em um processo de mecanização que alterou o perfil do trabalho no campo. O número de estabelecimentos com tratores aumentou 50% em relação a 2006.
O levantamento indicou que o pessoal ocupado nos estabelecimentos agrícolas diminuiu 8,8%, passando de 16,6 milhões de pessoas em 2006 para 15,1 milhões em 2017. Esse número inclui a perda de 2,2 milhões de trabalhadores na agricultura familiar e aumento de 703 mil na agricultura não familiar.
A contratação de mão de obra com a intermediação de terceiros, como empreiteiros e cooperativas de mão de obra, teve um “boom” de 143%, passando de 252 mil trabalhadores para 612 mil.
Além de tratores, aumentou também o número de estabelecimentos com outras máquinas, como semeadeiras ou plantadeiras, colheitadeiras, adubadeiras ou distribuidoras de calcário. Cresceu, também, o uso de meios de transportes, como caminhões, motocicletas e aviões.
Os estabelecimentos que admitem usar agrotóxicos aumentaram 20,4% em 11 anos. Ao todo são 1,7 milhão de propriedades entre as 5 milhões computadas, equivalente a 33%. O incremento maior ocorreu nas grandes propriedades, acima de 500 hectares.
Dentro da série histórica, o índice mais alto foi coletado em 1980, quando 1,9 milhão de produtores (38%) declararam usar agrotóxicos. Já o mais baixo aconteceu em 2006, com quase 1,4 milhão de registros.
O relatório, porém, aponta que não é possível saber a “quantidade de agrotóxico que foi aplicado” nem se os tipos de defensivos agrícola usados são específicos para o que se quer combater na lavoura.
O levantamento mostrou o baixo nível de escolaridade dos produtores: 15% nunca frequentaram escola; 14% frequentaram até o nível de alfabetização; 73% do total dos produtores têm no máximo o ensino fundamental; 23% dizem não saber ler e escrever.
De acordo com a pesquisa, 15,6% dos produtores que utilizaram agrotóxicos não sabiam ler e escrever e, destes, 89% declararam não ter recebido qualquer tipo de orientação técnica.
Embora 81% dos produtores sejam homens, a porcentagem de mulheres produtoras subiu de 13% para 19% no período analisado. Ao todo são 946 mil produtoras.
Pela primeira vez, o censo levantou também os casos em que a direção das propriedades é comandada por um casal. O resultado é que 20% dos estabelecimentos agropecuários são comandados por cônjuges. Ou seja, mais 817 mil mulheres participam diretamente da gestão dos negócios.
A redução no número de propriedades em 102 mil unidades interessou sobretudo apicultores, extrativistas e criadores de animais em beira de estrada. A área total usada para a agropecuária, contudo, aumentou de 334 milhões de hectares para 351 milhões, entre 2006 e 2017.
Uma grande mudança interessou o uso da terra. Diminuíram em 34% as lavouras permanentes e ganharam espaço as lavouras temporárias (14%), como cultivo de flores, viveiros de mudas e estufas de plantas. Aumentaram significativamente também as áreas de matas naturais (12%) e matas plantadas (83%).
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