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IBGE

Censo vai mostrar o tamanho do Brasil urbano e rural

A partir de hoje, 82 mil recenseadores do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) começam a percorrer 30 milhões de domicílios e 5,7 milhões de estabelecimentos agropecuários em todo o Brasil para a produção do Censo Agropecuário 2007 e da Contagem da População. Durante três meses, o IBGE pretende entrevistar 99 milhões de pessoas, o que corresponde a 52% da população brasileira. O levantamento tem um custo estimado de R$ 560 milhões e será feito em 5.435 cidades brasileiras com menos de 170 mil habitantes.

No Paraná, 2.862 pesquisadores farão o levantamento para o IBGE. Os últimos dados disponíveis sobre a situação das criações, das lavouras e dos estabelecimentos rurais brasileiros são de 1996. De acordo com o Censo Agropecuário de 1996, o estado tem 369 mil propriedades agrícolas. "O questionário demora cerca de duas horas para ser preenchido. Parece muito tempo, mas serão duas horas que valerão por uma década, quando deve ser feito o próximo censo", afirma o gerente do Censo Agropecuário, Antonio Carlos Simões Florido.

Além da missão de medir a atividade agropecuária, que ocupa mais de 5 milhões de pessoas, a pesquisa trará indicadores sociais, de saúde e meio ambiente. Será o termômetro esperado por diversos setores do governo para avaliar as políticas públicas em vigor, como por exemplo o Programa Nacional de Agricultura Familiar (Pronaf), criado em 1996. O Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) espera ansioso o resultado dos assentamentos que serão investigados. A estimativa é de que haja 600 mil a 700 mil assentados, número hoje desconhecido e que é uma das novidades incluídas na pesquisa.

O censo investigará o uso de energia elétrica, dado já esperado pelo Ministério de Minas e Energia, por causa do Programa Luz para Todos, que tem a meta de atingir 10 milhões de pessoas em 2008, mas que só chegou a cerca de 5,4 milhões. Até o trabalho infantil – medido somente na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), também do IBGE – terá um indicador obtido a partir do censo, que vai apurar a situação dos trabalhadores com menos de 14 anos. O censo será recurso importante ainda para avaliar questões de caráter ambiental, por considerar fatores como a forma de criação de bovinos (confinados ou não) e os tipos de adubo e de irrigação usados. "Com isso, será possível saber o nível de emissão de poluentes da agropecuária brasileira", diz Florido.

Criações novas vão figurar na pesquisa, como a de camarões, um dos mais competitivos do mundo que já mereceu até barreiras americanas, além de peixes e ostras. Na aspecto da saúde, o alvo são os agrotóxicos, um dos principais motivos de envenenamento entre trabalhadores no campo. Os recenseadores vão apurar qual o gasto com agrotóxicos, de que forma são aplicados, para onde vão as embalagens e se já houve intoxicação de trabalhadores

O novo censo vai verificar também a desigualdade na agricultura brasileira, além do pessoal ocupado, dos salários e da receita dos empreendimentos. A concentração de renda, uma característica da sociedade brasileira, é repetida na repartição das terras. Pelo último censo, de 1996, 1,02% dos estabelecimentos concentrava 45,1% da área, percentual que aumentou em relação a 1985.

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