Ao que tudo indica, a votação do projeto que condiciona a concessão de benefícios fiscais por parte do governo à manutenção de empregos por parte das empresas instaladas no Paraná será daquelas de causar comoção entre a classe trabalhadora e representantes sindicais. Tanto a Central Única dos Trabalhadores (CUT) quanto a Força Sindical vêm cobrando do governo federal uma medida dessa natureza, e agora aprovam a iniciativa paranaense.
"É o mínimo que a empresa pode fazer. Toda empresa que recebe algum benefício do Estado, seja em nível federal, estadual ou municipal, deve dar a contrapartida de manter o nível de emprego. O que não dá é registrar anos e anos de lucro e, no primeiro vendaval, querer demitir os trabalhadores", disse o diretor de mobilização da Força no Paraná e vice-presidente do Sindicato dos Metalúrgicos, Nelson Silva de Souza.
A diretora da CUT no Paraná Eliana Maria dos Santos faz coro com Souza. "A elite empresarial está querendo lucrar com a crise também. Estão pegando financiamento público e aproveitando para demitir sem necessidade."
Nelson Souza diz ainda não acreditar que o projeto apresentado ontem na Assembleia Legislativa possa causar "desincentivo" às empresas. "A gente não quer que a empresa perca competitividade. Nós sabemos que há uma crise. Mas qual é o papel do governo federal e estadual em colocar recursos para empresários só para eles terem lucro?", questiona.
A CUT marcou para hoje, às 9 horas, na Boca Maldita, um protesto pela manutenção dos empregos e salários no país, como parte do "Dia Nacional de Luta em Defesa dos Empregos e Salários". A Central informou que o objetivo do protesto é "mostrar a toda a sociedade que a classe trabalhadora não irá aceitar as demissões como algo natural e inevitável".