Um estudo realizado com 320 CEOs e altos executivos de empresas brasileiras aponta otimismo quanto ao cenário econômico após ampla imunização da população contra o coronavírus e disposição para investir na compra de vacina caso a alternativa seja de fato liberada pelo Congresso. Realizada em conjunto pela BRAngels, HSM e FirstCom, a pesquisa ouviu representantes de companhias de diversos segmentos, entre os quais serviços, indústria, varejo e startups, predominantemente de pequeno e médio porte.
Conforme os resultados apresentados nesta quarta-feira (7), 76,92% dos ouvidos disseram ter expectativas otimistas para a economia e os negócios da empresa depois que o Brasil alcançar imunidade coletiva a partir da vacinação. Em consonância com esse número, ampla maioria também avaliou que o governo federal deveria focar na vacina contra a Covid-19 como principal medida para garantir a retomada. Ela foi citada por 68% dos ouvidos, seguida das esperadas reformas tributária e administrativa, com 17,25% e 6,39% das opiniões, respectivamente.
Reynaldo Gama, CEO da HSM, destaca que o estudo teve como premissa um cenário ainda distante, que depende de aceleração da vacinação no país. Diante dessa necessidade, quase 80% dos executivos afirmaram ter interesse na compra dos imunizantes para proteger os funcionários caso o governo libere a aquisição particular de doses. 78,5% afirmaram que a empresa investiria na imunização, contra 21,4% que descartaram interesse.
Na avaliação de Gama, esse interesse da maioria demonstra que a vacinação é vista como "principal fator para que o funcionamento pleno das companhias e a volta dos investimentos se tornem uma realidade o mais rápido possível". Segundo ele, o otimismo observado parece estar relacionado justamente ao resultado da vacinação e não à velocidade dela.
Já o CEO do BR Angels, Orlando Cintra, reforça que a leitura possível a partir dessa disposição dos executivos é de que as empresas sabem que "colocando dinheiro na vacinação vão ter retorno, não só para a saúde dos funcionários, mas para colocar a economia para girar".
Contratações e mercado de trabalho no pós-vacina
Outra resposta que aparece em linha com o otimismo é a perspectiva por novas contratações superado o momento mais agudo da pandemia. Mais da metade (53%) dos executivos ouvidos afirmou que suas empresas pretendem contratar depois que a vacina garantir imunidade coletiva. Na contramão, apenas 2,2% disseram acreditar na possibilidade de demissões; 12,8% não veem espaço para contratações e 31,4% disseram não saber se a companhia na qual trabalham deve ampliar pessoal.
O levantamento apontou ainda que as áreas com mais contratações dentro das empresas devem ser comercial e vendas (65,45%), tecnologia (56,3%) e comunicação e marketing (44,85%) — com somas maiores do que 100% pois se podia indicar mais de uma resposta. Na avaliação de Gama, esses dados fazem eco na expectativa de aquecimento dos negócios a partir da imunização e também delineiam áreas promissoras no mercado de trabalho, marcado pelo alto desemprego.
Em paralelo ao grande número de desocupados, o desafio da formação de mão de obra qualificada para atender demandas das empresas deve se manter, especialmente a partir da transformação digital puxada pela pandemia. Segundo o CEO da HSM, o foco está em preparar uma alavancagem após a adaptação e sobrevivência forçada pela crise.
Amostra da pesquisa
Responderam a pesquisa predominantemente representantes de pequenas e médias empresas (com até 50 funcionários), quase 60% do total. O restante da amostra se dividiu principalmente entre companhias de 101 até 500 colaboradores (11,88%). O estudo também ouviu, ainda que em quantidade menor, executivos de grandes empresas, 3,75% com mais de 15 mil funcionários.
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