Caracas - O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, ordenou a nacionalização da cadeia varejista Exito sob a acusação de que a companhia de controle francês elevou os preços depois da desvalorização da moeda no país. "Até quando vamos permitir que isso aconteça?", perguntou Chávez em seu programa de tevê dominical, em referência ao suposto aumento dos preços do Almacenes Exito, que é controlado pelo grupo francês Casino.
Segundo Chávez, poderá ser necessário aprovar uma nova lei para que a nacionalização seja concluída. "Estou esperando a nova lei para começar o processo de expropriação", disse. "Não haverá volta atrás", acrescentou. Algumas lojas dos Almacenes Exito haviam sido fechadas na semana passada por autoridades do governo, sob acusações de que o grupo estava elevando preços apesar das ordens de Chávez para que não houvesse reajustes depois que ele desvalorizou o bolívar. A rede Almacenes Exito tem seis hipermercados e cerca de 32 supermercados na Venezuela.
Separadamente, Chávez ordenou a nacionalização de um grande shopping center construído recentemente em Caracas. As lojas controladas pelo Exito e o shopping serão usadas pelo Comerso, uma nova cadeia varejista estatal, que procurará vender produtos a preços "socialistas", segundo o presidente.
O presidente venezuelano classificou a desvalorização da moeda nacional, o bolívar, de "reavaliação", insistindo que o recente ajuste na taxa cambial responde ao plano do governo para "estimular a economia". Há pouco mais de uma semana, o governo anunciou a desvalorização do bolívar, que tinha cotação fixa de 2,15 por dólar desde 2005. A Venezuela tem agora duas cotações oficiais do dólar: 2,60 para produtos de primeira necessidade, remessas e importações do setor público; e 4,30 para os demais produtos e a venda dos dólares obtidos com o petróleo.
"Fizemos o ajuste sobretudo para dar um freio à avalanche importadora. Aqui muitos empresários, com o dólar barato, seguiram o caminho das importações e paralisaram a produção interna", explicou. Chávez negou fins eleitorais, como apontaram alguns críticos, já que o Estado receberá o dobro dos recursos, pois cada dólar que entrar na Venezuela valerá 4,30 bolívares. Em 26 de setembro, os venezuelanos elegerão os deputados da Assembleia Nacional, atualmente 100% controlada pelo governo.
A medida, porém, não deve resolver a discrepância entre o câmbio oficial e o paralelo, no qual o dólar vale entre 6 e 7 bolívares. O paralelo ainda é muito utilizado para adquirir divisas e sua taxa chegou a triplicar em relação à fixada pelo Estado após o início do controle cambial.
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