Um dia depois de receber da Assembléia Nacional da Venezuela superpoderes para governar o país , o presidente Hugo Chávez anunciou nesta quinta-feira que, a partir de 1º de maio, seu governo vai assumir o controle dos campos petrolíferos em operação na Bacia do Orinoco, atualmente em poder de multinacionais dos Estados Unidos, França, Noruega e Reino Unido, em associação com a estatal venezuelana PDVSA.

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No Brasil, a Petrobras informou que as operações da empresa no país não serão afetadas pela decisão de Chávez, porque todos os projetos da estatal brasileira na Venezuela já são em parceria com a companhia do governo de Caracas, a PDVSA, e já estão adaptadas às novas regras.

Chávez também reiterou que nacionalizará a principal empresa de telefonia venezuelana, a CANTV, e a mais importante do setor elétrico, a Electricidad de Caracas. Além disso, adiantou que uma "lei especial" e uma reforma da legislação atual desses setores deverão ser também aprovadas, por meio de um decreto.

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Durante o pronunciamento desta quinta-feira, o presidente venezuelano voltou a criticar duramente George Bush, usando frases de efeito. Segundo Chávez, Bush não serve nem para treinar beisebol infantil .

Na região do Rio Orinoco, maior rio da Venezuela, operam quatro empresas mistas em associação com a PDVSA e grandes corporações como ExxonMobil, ConocoPhillips, Total e Statoil.

— Nós o que queremos é negociar (...), mas determinei que, em 1º de maio, todos esses campos petrolíferos amanheçam já sob nosso controle — declarou Chávez durante entrevista à imprensa no palácio presidencial de Miraflores.

— Quando tomarmos o controle desses campos, os trabalhadores dessas empresas serão absorvidos pela PDVSA, com todos os direitos e deveres de um trabalhador da principal indústria venezuelana — acrescentou.

Os campos citados por Chávez são operados desde a década de 1990, por meio de "associações estratégicas" entre as multinacionais Exxon Mobil, Chevron e Conoco-Phillips (EUA), a francesa Total, a norueguesa Statoil, a britânica British Petroleum e a Petróleos de Venezuela (PDVSA), com uma participação minoritária.

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Os campos se encontram na Faixa de Orinoco (uma das maiores reservas de petróleo do mundo), que produz cerca de 600 mil barris diários, segundo dados oficiais.

Chávez já havia anunciado a "nacionalização" das associações estratégicas para adequar as operações de "melhoramento de petroleo cru pesado" à Lei de Hidrocarburos, que determina a participação majoritária da PDVSA em todas as atividades de exploração, extração e distribuição de petróleo e seus derivados.

Em abril de 2006, cerca de 20 multinacionais aceitaram migrar dos convênios operacionais firmados na década de 1990 para "empresas mistas", nas quais a PDVSA conta com maioria, como estabelece a lei vigente.

Chávez insistiu que seu governo quer "negociar" com as multinacionais que operam na condição de "associações estratégicas" e disse que já existe um "plano muito claro" nesse sentido.

— Quem não estiver de acordo, tem o direito de ir embora (...), mas nós vamos respeitar seus direitos — sustentou o presidente venezuelano.

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A Venezuela, membro fundador da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep), é o quinto exportador mundial e o quarto principal fornecedor dos Estados Unidos.

Atualmente, o país leva a cabo um processo de certificação internacional de suas reservas petrolíferas, calculadas em 316 bilhões de barris, que seriam as maiores do mundo.