Henrique Granadeiro, chairman e presidente-executivo da Portugal Telecom, defende a criação de uma grande operadora mundial em língua portuguesa para evitar que sua companhia seja consolidada por espanhóis.
Em entrevista ao semanário Expresso, o chefe da Portugal Telecom afirmou que a idéia é que essa operadora seja capaz de atender 200 milhões de pessoas em Portugal, Brasil e África.
"No caso do português, não há nenhuma operadora que se posicione na cena internacional como consolidadora, e acho que temos hipóteses de apanhar o comboio na última estação. Caso contrário, na indústria de conteúdos que se avizinha com possibilidade de grande expansão, apenas teremos a função de tradutores ou de legendagem", afirmou.
"Só uma operadora com esta configuração internacional poderá animar uma indústria de conteúdos com a identidade própria dos países que usam o português como língua-mãe", acrescentou o executivo.
A Portugal Telecom "tem condições de fazer uma holding africana, ancorada num dos países de expressão portuguesa com aspirações a estar nas praças financeiras internacionais e locais", adiantou.
Caso não consiga avançar para a criação desta grande operadora, a Portugal Telecom será provavelmente comprada por espanhóis.
"Os países africanos de expressão portuguesa naturalmente serão consolidados pela África do Sul, o Brasil ficará no quadro espanhol e, provavelmente, nós também. Não podemos é dar muita importância aos capitais, que não são mais de bandeira. A Portugal Telecom é um exemplo: entre 65 e 70 por cento do capital da empresa está nos mercados internacionais", salientou.
Sobre a eventual venda para a Telefónica da participação do grupo português na operadora celular brasileira Vivo, o executivo afirmou que "tem havido conversas, não houve um acordo". Ele acrescentou que "quando numa partilha de 50/50 entre iguais, um dos parceiros quer fazer uma oferta de compra, deve fazê-lo no pressuposto de que o preço é justo para comprar e para vender".
"Se a Telefónica quiser fazer uma oferta neste pressuposto, pode fazê-lo amanhã. Nesta matéria, não aceito que a Portugal Telecom seja tratada como subalterna porque os 50 por cento da Telefónica são exatamente iguais aos da Portugal Telecom", disse Granadeiro.