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América latina

Chile, Peru, Colômbia e México têm muito a ensinar ao Brasil em política econômica

Plaza de Armas, no Centro de Lima, no Peru | Albari Rosa/Gazeta do Povo/Arquivo
Plaza de Armas, no Centro de Lima, no Peru (Foto: Albari Rosa/Gazeta do Povo/Arquivo)

As previsões de variação do Produto Interno Bruto (PIB) das maiores economias da América Latina para o fim de 2016 deixam evidente uma divisão entre dois blocos no continente. Em um deles, formado por Argentina, Brasil e Venezuela, a expectativa do Banco Mundial é de que haja retração em relação ao ano passado. Já para outro grupo, composto por Colômbia, México, Chile e Peru, a previsão é de resultado positivo, mesmo diante da fraca atividade econômica no mundo.

EM NÚMEROS: Brasil e Argentina patinam, enquanto vizinhos do norte vão bem

Enquanto o Brasil precisa se esforçar para estabilizar o cenário político, controlar a inflação e retomar o crescimento econômico para reduzir o desemprego, Colômbia e México continuam a crescer mesmo com a queda dos preços do petróleo.

O cenário global também não é favorável para Chile e Peru, mas os países andinos estão enfrentando o declínio do preço dos metais amparados em posições fiscais e monetárias sólidas. Segundo relatório do Fundo Monetário Internacional (FMI) sobre a América Latina, as políticas macroeconômicas desses países dão sustentação às suas economias neste período de cenário externo negativo.

“Brasil e Argentina são economias que não são frontalmente antiliberais, mas são posturas diferentes do que adotaram Peru e Chile”, avalia Luciano Ribeiro Sobral, economista do Santander. Segundo ele, esses países andinos decidiram seguir um modelo liberal mais ao pé da letra. “Escolheram um modelo de abertura comercial. São produtores de commodities, apostaram forte neste modelo de abrir o país e entrar em acordos de livre comércio, uma estratégia que relativamente funcionou nestes últimos anos”, diz.

Em suas análises destinadas a investidores internacionais, o Santander identifica algumas características que têm feito as economias de Colômbia, Peru, México e Chile atraentes para o capital internacional. Ainda que os bons resultados econômicos tenham particularidades em cada um desses países, mudanças na estrutura fiscal e regulatória, transparência, qualidade da infraestrutura, estabilidade macroeconômica e acordos de comércio exterior são alguns dos pontos positivos elencados pelo banco.

Por outro lado, a instituição financeira também assinala as características que fazem outras economias latino-americanas estarem em recessão. No Brasil, as principais são o peso e a complexidade da carga tributária, a lentidão da burocracia e a rigidez da legislação trabalhista.

Resiliência

Uma característica comum às economias que estão indo bem na América Latina, sobretudo no Chile e no Peru, é a capacidade de fazer política fiscal anticíclica. “Esses países assumiram que têm economias que dependem de commodities e aproveitam os períodos de bonança para fazer uma poupança para quando o cenário externo não for tão favorável”, diz Sobral.

Por outro lado, avalia o economista, o Brasil começou a ter déficit primário (receitas menos despesas, excluído o gasto com juros da dívida) enquanto o ciclo econômico ainda estava razoável e agora que precisa fazer um ajuste tem de adotar medidas que podem prolongar a recessão.

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