A China critica as "elevadas tarifas" brasileiras e pede que o governo reduza as barreiras para o comércio bilateral. Em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, o vice-ministro de Comércio da China, Shouwen Wang, revela que Pequim quer transformar o Brasil numa plataforma de exportações para seus carros. Mas a medida esbarra nas tarifas de importação do País e nos impostos domésticos.
"Nosso plano é levar empresas do setor automotivo para abrir fábricas no Brasil e, partindo do território brasileiro, exportar esses veículos para o mundo", explicou. "Mas as tarifas que o Brasil aplica são muito elevadas e precisam cair."
A China é hoje o maior parceiro comercial do Brasil. Uma das montadoras chinesas, a Chery, está investindo R$ 1,2 bilhão para fabricar seus carros em Jacareí, na Região Metropolitana do Vale do Paraíba e Litoral Norte, no estado de São Paulo. Outras também já anunciaram planos. Mas empresas como JAC Motors e Changan sofreram com as mudanças no regime de Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI).
Shouwen lembrou que a Embraer abriu uma fábrica de aviões no território chinês, num sinal de que a China ainda espera uma contrapartida brasileira. Para ele, a ideia de um país ter a própria indústria automobilística não pode ser um dogma. "A Austrália abandonou a ideia de ter a própria indústria automobilística. Nem por isso deixou de criar empregos."
Acusações mútuas
A crítica vem em um momento de debate da relação entre os dois países. A China se queixa do fato de ser alvo de várias barreiras antidumping por parte do Brasil. Já exportadores brasileiros apontam que a desaceleração no mercado chinês está resultando em queda nas vendas, principalmente de commodities.
Em termos políticos, porém, Brasil e China insistem em demonstrar que estão alinhados na busca por um sistema comercial justo. Na prática, os pontos de divergência entre as duas economias são importantes.
Shouwen afirma que Pequim está disposta até mesmo a promover a ideia de um acordo de livre-comércio com o Mercosul, eliminando tarifas entre as duas regiões do mundo. "Um acordo de livre-comércio seria muito bom para a China e para o Brasil", declarou. "Mas, claro, precisa que haja vontade recíproca", disse, lamentando a falta de interesse de Brasília.
Avesso aos acordos de livre-comércio por décadas, a China hoje se sente confortável em fazer a proposta para abrir mercados pelo mundo. Shouwen aponta que o país já tem 14 acordos assinados com 20 economias diferentes. "Estamos negociando outros nove acordos", declarou.
Comércio externo
Um dos maiores exportadores do mundo, a China continua a apostar no mercado externo como forma de financiar seu desenvolvimento. Mas os números revelam que as vendas para o Brasil sofreram com a recessão no País. Até agosto, as exportações chinesas para o Brasil somaram US$ 24,6 bilhões, uma alta de apenas 1,22% em comparação a 2013. A expansão está muito abaixo do crescimento de 28% em 2011, de 60% em 2010 ou de 72% em 2004.
Mas as exportações brasileiras para a China também estão estagnadas este ano, com um crescimento de menos de 1% até agosto e um total de US$ 31 bilhões exportados.
O vice-ministro esteve esta semana em Genebra para reuniões na ONU. Segundo ele, o potencial para ampliar o comércio entre Brasil e China é "muito grande". Mas apenas vai se concretizar "se o Brasil reduzir suas tarifas". As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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