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China "descobre" Brasil e deve liderar investimento estrangeiro no país

Depois de anos de investimentos tímidos no Brasil, a China está jogando pesado: até o final de 2010, os chineses devem trazer ao país US$ 12 bilhões, levando o gigante asiático à condição de maior investidor estrangeiro no país, de acordo com projeções do mercado, com base em valores já anunciados pelas empresas.

Esse número representa um crescimento de cerca de 14.000% em relação ao investido aqui pelos chineses no ano passado - parcos US$ 82 milhões, segundo dados do Banco Central. Em nove anos - de 2001 a 2009 - foram pouco mais de US$ 215 milhões. Também supera, com folga, os cerca de US$ 5,7 bilhões investidos no Brasil em 2009 pela Holanda, nação que mais trouxe recursos no ano passado.

As crises econômicas que abateram os Estados Unidos e a Europa foram decisivas para que o Brasil entrasse no foco dos chineses.

"Depois de a China ter sofrido com a retração dos mercados americanos e europeus, sobrou a América Latina, que ainda não havia sido tão explorada pela distância e pelas diferenças culturais. Como o Brasil passou relativamente bem por essa crise, acabou sendo alvo dos chineses", afirma o presidente honorário da Câmara Brasil-China de Desenvolvimento Econômico e diretor da Fortune Consulting, Paul Liu.

Além das perspectivas positivas de crescimento da economia brasileira nos próximos anos, os especialistas atribuem o grande aporte de recursos a outros motivos.

"Claramente há intenção do governo chinês de sinalizar aos empresários que fazer negócios com o Brasil é estratégico, principalmente levando em conta a Copa do Mundo [em 2014] e as Olimpíadas [em 2016]", disse Kevin Tang, diretor da Câmara de Comércio e Indústria Brasil China.

Recursos naturais

As atenções dos investidores estão voltadas principalmente para os recursos naturais encontrados no país, garantindo, além de lucro, o fornecimento de bens essenciais para a manutenção do expressivo crescimento chinês. Os setores petrolífero, de mineração, de siderurgia e de transmissão de energia têm sido os mais visados pelos chineses.

E eles vêm com tudo: neste ano, já foram fechados negócios da ordem de billhões de dólares. No setor de mineração, a estatal Wuhan Iron and Steel Corporation (Wisco) fechou contrato com a LLX, do empresário Eike Batista, para a construção de uma siderúrgica no Porto do Açu, em São João da Barra (RJ). A previsão é que sejam produzidas 5 milhões de toneladas de placas de aço por ano. O acordo representa US$ 3,29 bilhões de injeção de capital chinês.

Além de parcerias com companhias nacionais, os chineses estão investindo também na instação de empresas próprias. A Sany Heavy Industry, fabricante de maquinário para construção civil, pretende investir cerca de US$ 100 milhões para instalar sua primeira fábrica no Brasil, em São José dos Campos, no interior de São Paulo.

Considerados bons credores, já que o valor do crédito é mais baixo em relação a outros países, bancos chineses também estão começando a se instalar no Brasil. O Banco da China, por sua vez, anunciou a abertura do primeiro escritório no país em São Paulo.

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