Os mercados financeiros internacionais enfrentaram nesta terça-feira (11) um dia de forte volatilidade, depois que a China anunciou uma desvalorização de 1,9% de sua moeda, o yuan.
Foi a maior desvalorização cambial no país em dois anos, levantando dúvidas sobre a saúde da economia do país asiático e atingindo as bolsas de todos os países. Nos Estados Unidos, o índice Dow Jones da Bolsa de Nova York recuou 1,21%.
No Brasil, o índice Ibovespa, da Bolsa de Valores de São Paulo, caiu 0,57% – a queda foi suavizada pelo rebaixamento da nota do país pela agência de classificação de risco Moody’s, que, no entanto, colocou a nota em perspectiva estável, o que foi considerado uma boa notícia. O dólar, no entanto, voltou a subir após dois dias de queda. Fechou o dia cotado a R$ 3,50, com alta de 1,45%.
“Para os mercados, hoje foi atirar primeiro e fazer perguntas depois”, disse Cameron Watt, estrategista do instituto de investimentos da gestora BlackRock. “A preocupação é o que isso [a desvalorização do yuan] pode significar para a competitividade do Ocidente em relação à do Oriente.”
Uma coisa, porém, ficou clara para os analistas. O apetite da China por commodities deve diminuir no curto prazo. Como um dos maiores compradores globais de commodities, a decisão da China de desvalorizar sua moeda – na prática, reduzindo o valor das exportações e elevando o custo das importações para o mercado doméstico – deve aprofundar as quedas nos preços do cobre, do alumínio e de outros metais. A China consome quase a metade da produção anual de metais do mundo. A notícia, portanto, afeta ainda mais diretamente países que são grandes exportadores de commodities, como o Brasil.
“No curto prazo, é mais uma má notícia para os preços das commodities”, disse Paul Bloxham, economista-chefe para Austrália e Nova Zelândia do HSBC.
Impacto no Brasil
No caso brasileiro, a avaliação é que a decisão chinesa deve provocar ainda mais pressão sobre o câmbio.
A grande questão, segundo analistas, é saber se esse movimento foi algo extraordinário, que não vai mais se repetir, como prometeu o Banco do Povo da China, ou se o mercado vai testar as autoridades chinesas e forçar novas desvalorizações.