O governo chinês deve anunciar nos próximos dias que vai deixar o iuan (a moeda local) se valorizar levemente e flutuar mais nas operações diárias, disseram ao New York Times fontes ligadas ao assunto.
A decisão de Pequim seria por motivos domésticos, mas provavelmente seria bem recebida pelo governo norte-americano, que vem sendo pressionado internamente para tomar uma atitude sobre a moeda chinesa, que está atrelada ao dólar desde meados de 2008. O mercado já antevê a alta e ontem a moeda chinesa teve forte valorização em relação ao dólar. Em Xangai, o iuan chegou a 6,8235 unidades por dólar maior valor desde outubro de 2009.Ainda de acordo com o New York Times, a decisão chinesa teria como alvo o combate à inflação, que é motivo de preocupação para o governo, já que ela vem se acelerando e atingiu 2,7% em fevereiro. Um iuan mais forte torna as importações mais baratas, que são um importante instrumento para o controle dos preços.
E, ainda que o governo de Barack Obama tenha fugido do assunto (o secretário do Tesouro, Tim Geithner, que está na China, não falou ontem sobre o tema) para não dar a impressão que a mudança na política cambial seja resultado da pressão americana, a alteração de rumo do iuan seria uma conquista política para a atual administração da Casa Branca.Apesar das pressões do Congresso, o governo dos EUA preferiu adiar um relatório que deveria ser divulgado na semana que vem e que poderia apontar o iuan como "artificialmente desvalorizado". A reclamação é que isso torna as exportações chinesas mais baratas, permitindo que elas tenham mais competitividade no mercado internacional e ingressem com força nos Estados Unidos.
Apenas no ano passado, os EUA acumularam déficit de US$ 227 bilhões nas relações comerciais com a China, responsável por quase metade da conta negativa na balança americana. Também em 2009, os chineses assumiram pela primeira vez o posto de maior exportador global, tomando o lugar ocupado pela Alemanha.