Um executivo chinês do setor siderúrgico, que foi preso na mesma operação em que quatro funcionários da Rio Tinto acabaram detidos, está sendo investigado por supostamente ter vazado informações sobre a estratégia chinesa nas negociações sobre o novo preço do minério de ferro, disse uma fonte nesta sexta-feira.
Tan Yixin, chefe de importações de minério de ferro na siderúrgica Shougang, teria repassado informações para a mineradora anglo-australiana Rio Tinto.
A operação da polícia chinesa complicou ainda mais a maratona de negociação do preço do minério para 2009, em um momento em que a China parecia estar sob pressão para aceitar o valor fechado com outros países asiáticos, como Japão e Coreia do Sul, ou ser forçada a ir para o mercado spot.
As prisões aparentemente jogaram as negociações no limbo e lançaram uma sombra na relação bilateral sino-australiana, que havia se fortalecido nos últimos anos com a forte demanda chinesa por metais e minérios da Austrália.
A publicação China Securities Journal informou que os serviços de segurança da China acusaram os funcionários da Rio Tinto, entre eles o executivo Stern Hu, de corromper funcionários de siderúrgicas chinesas em meio às negociações do preço do minério neste ano.
"Isso danificou seriamente a segurança econômica da China e seus interesses", disse o jornal. "As atividades de Stern Hu e outros violaram as leis chinesas e também a moralidade dos negócios internacionais."
A China domina o mercado mundial de aço e suas compras de minério atingiram níveis sem precedentes neste ano.
E a operação promete se estender a outras companhias no setor, deixando participantes do mercado de sobreaviso.
"O governo não está apenas investigando a Rio Tinto, ele está checando a indústria toda. O caso da Rio não é isolado. Eu sinto que o governo quer assumir o controle e regulamentar o mercado de minério de ferro", afirmou um executivo do setor siderúrgico chinês.
Um porta-voz da Rio Tinto mostrou surpresa com os acontecimentos, dizendo que o grupo "não estava ciente de qualquer evidência que justificasse as alegações da China".
O ministro australiano de Relações Exteriores, Stephen Smith, afirmou a jornalistas em Perth que o governo chinês parece ter uma definição muito mais abrangente do que poderia ser classificado como espionagem industrial do que qualquer outro país.
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