A China deve lançar em 2020 seu próprio jato comercial de passageiros de grandes dimensões, segundo um dirigente da indústria aeronáutica do país. A declaração é um indicativo de que a concorrência no mercado que mais cresce no mundo pode se tornar mais difícil para as gigantes Boeing e Airbus.
A decisão vem na esteira do sucesso da indústria chinesa em desenvolver seu primeiro avião comercial a jato, o ARJ-21, que deve começar a operar no ano que vem. Com a expectativa de que a China precisará comprar 2230 novos aviões até 2025 para atender a demanda, o governo decidiu acelerar os planos de dar uma boa fatia desse mercado a empresas nacionais.
Segundo declarações do vice-presidente de desenvolvimento científico e tecnológico da China Aviation Industry Corporation I (AVIC I), Liu Daxiang, o projeto de um grande avião é baseado no forte crescimento econômico da China, em avanços tecnológicos e em sua boa indústria de base. Ele deu essas declarações à agência oficial de notícias do país, a Xinhua.
"Estamos relativamente bem posicionados para fabricar grandes aviões", disse Liu.
Após décadas de mau planejamento e péssimos resultados, a indústria aeronáutica chinesa finalmente parece ter adotado um plano factível dados os avanços tecnológicos obtidos pelo país nos últimos anos em que foi contratado por outros países como fornecedora de peças.
A presença de empresas estrangeiras também tem beneficiado a China, pois adquire indiretamente o know how necessário para a fabricação de aviões. A primeira empresa estrangeira a montar uma linha de produção no país foi a brasileira Embraer. Em breve, segundo acordo já assinado, a Airbus deve seguir os passos da brasileira e inaugurar uma linha de montagem de seu modelo regional A320.
"Do ponto de vista técnico, é (um objetivo) realista", disse o analista do Centro de Aviação da Ásia Pacífico, Richard Pinkham. Segundo ele, o cronograma de 13 anos dá espaço para um bom desenvolvimento.
Segundo Liu, o programa do grande avião poderia fomentar novos avanços tecnológicos além de indústrias secundárias. O executivo chinês, em sua entrevista, não deu detalhes sobre o tamanho do avião que o país planeja construir. Em média, porém, são considerados grandes as aeronaves com capacidade para transportar pelo menos 200 passageiros e uma capacidade total para 100 toneladas de carga.
O projeto da aeronave, segundo Liu, deve estar pronto até 2010. Isso inclui também o projeto dos motores a jato do avião, que a China pretende produzir ela própria.
Liu chegou a comparar o prestígio da construção do avião ao programa espacial chinês. Segundo ele, a fabricação da aeronave iria "inspirar a nação" da mesma forma que o sucesso do primeiro vôo orbital tripulado do país.
Como o governo chinês ainda controla as companhias aéreas do país, certamente haverá mercado para o avião que deve ser desenvolvido. Já no mercado externo, as coisas podem ser mais difíceis.
"Eles vão ter que ter um preço verdadeiramente competitivo antes que possam convencer uma grande companhia aérea internacional a usar seus aviões", diz Pinkham.
Atualmente a campeã dos céus chineses é a norte-americana Boeing que desde 1972, quando da aproximação entre EUA e China promovida pelo então presidente Richard Nixon, já vendeu mais de 700 aviões ao país. Entre eles, 60 unidades do 787 Dreamliner, o mais novo modelo da companhia.
Já a européia Airbus vendeu cerca de 100 aviões para as companhias chinesas. Além disso, ainda há vários aviões a serem entregues pela Airbus, inclusive cinco unidades do problemático e atrasado superjumbo A380.
O ARJ-21 deve iniciar seu período de vôos de teste no próximo ano. Com configuração de entre 70 e 110 assentos, ele será concorrente direto dos aviões da família EMB 170/190 da Embraer, os campeões de venda da empresa brasileira. Apesar de ainda não ter sido ao menos testado, já há mais de 70 pedidos firmes de companhias chinesas para o ARJ-21, segundo informações da Xinhua.
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