O vice-ministro de Comércio da China, Yi Xiaozhun, defendeu neste domingo (29) o fim das barreiras e salvaguardas aos produtos chineses no mercado brasileiro e alertou que essa é uma das condições para que o Brasil também tenha acesso facilitado ao mercado chinês. "Queremos ampliar nossas exportações ao Brasil e esperamos ver uma solução para a questão das barreiras", disse.
Nos dez primeiros meses de 2009, a China foi o maior destino das exportações nacionais. O volume chegou a US$ 17,7 bilhões, bem acima dos US$ 12,8 bilhões comprados pelos Estados Unidos.
Hoje, o governo chinês insistiu que está na hora de o Brasil comprar mais produtos de Pequim, inclusive agrícolas, se quiser garantir que a soja a carnes brasileiras tenham um melhor acesso ao mercado chinês.
"O Brasil precisa comprar mais legumes e pescados da China", afirmou o vice-ministro de Agricultura, Nyu Dun. O recado das autoridades chinesas é claro: o comércio é recíproco e o Brasil não pode esperar maior acesso ao mercado chinês enquanto ficar adotando barreiras contra os produtos de Pequim.
Segundo Dun, outro problema ainda é a questão fitossanitária com a carne brasileira. Mas alerta que mesmo que o Brasil forneça um quilo de carne para cada chinês por ano, não teria como abastecer o mercado asiático.
Na reunião da OMC que começou neste fim de semana em Genebra, a China avisou que não aceitará que governos tratem da variação do câmbio no encontro ministerial. Pequim está sendo pressionada a flexibilizar sua moeda e é acusada de manipular para garantir maiores exportações. No final de 2009, a China deve se estabelecer como a maior exportadora do mundo, superando a Alemanha e Estados Unidos.
Mas em Washington, Bruxelas e mesmo nos países emergentes, a pressão aumenta contra o comportamento dos chineses. "Queremos estabilidade no câmbio", defende o embaixador da China na OMC, Sun Zhenyu. Segundo ele, a OMC não é um lugar para tratar de câmbio. "Isso é para o Fundo Monetário Internacional (FMI)", disse.
Outros governos insistem que a variação cambial afeta o comércio de forma mais importante que as tarifas. "Temos de falar de câmbio. Não há como escapar desse assunto", alerta Nestor Stancanelli, negociador-chefe de Buenos Aires. A Índia e outros também querem tratar do assunto.