A China indicou que uma reunião com líderes do Brasil, Rússia e Índia marcada para a próxima semana em Brasília provavelmente vai aprofundar as trocas entre as quatro potências emergentes conhecidas como Brics. No entanto, a China não comentou se a questão do dólar como moeda de reserva está na agenda do encontro. O vice-ministro de Relações Exteriores chinês, Cui Tiankai, afirmou que seu país quer promover uma cooperação pragmática e consensos estratégicos e reforçar a confiança mútua entre os quatro países.
Cui afirmou que a reunião não tem como objetivo a "confrontação com outros países", mas disse que a China espera que o encontro "injete novo ímpeto político sustentado" na reforma do sistema financeiro internacional. Isso incluiria ajustes no poder de voto e nas cotas dentro das instituições financeiras internacionais, segundo Cui.
As declarações de Cui estão em linha com os comentários feitos no mês passado por Roberto Jaguaribe, subsecretário para Assuntos Políticos do Ministério de Relações Exteriores do Brasil. Na ocasião, Jaguaribe afirmou que a reunião do grupo Brics pretende principalmente explorar agendas comuns e sinalizou que o grupo vai preparar claras propostas para uma nova moeda de reserva global.
Os acordos que poderão ser alcançados na reunião vão estabelecer uma boa base para os mercados emergentes diante dos países desenvolvidos na cúpula do G-20 marcada para junho, no Canadá, segundo Chen Fengying, diretor para pesquisas econômicas mundiais do Instituto da China para Relações Internacionais Contemporâneas.
Os países que compõem o grupo Brics são responsáveis por 15,5% do Produto Interno Bruto (PIB) mundial e têm defendido a redução do uso do dólar como moeda de reserva global. Os líderes dos quatro países tiveram a primeira reunião oficial entre eles em junho do ano passado, na Rússia, na qual discutiram a possibilidade de uma nova moeda de reserva global dominante.
A reunião dos Brics provavelmente será ofuscada pela participação do presidente da China, Hu Jintao, em uma reunião de dois dias em Washington com o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, a partir de segunda-feira, para tratar da questão nuclear. Hu visitará o Brasil entre os dias 14 e 17 de abril.
Brasil
O vice-ministro de Relações Exteriores, Li Jinzhang, afirmou que como parte da visita de Hu Jintao ao Brasil neste mês, os dois países vão assinar um plano de ação comum para o período entre 2010 e 2014 e acordos em vários setores - incluindo energia, finanças e ciência e tecnologia. Li, que cuida do departamento de América Latina, não detalhou nenhum dos acordos.
A estatal Petrobras pretende finalizar acordos energéticos com a companhia de petróleo chinesa Sinopec durante a visita de Hu ao Brasil, segundo afirmaram autoridades brasileiras recentemente. Depois de concluir a reunião no Brasil, Hu visitará a Venezuela em 17 e 18 de abril e o Chile em 18 de abril. Li afirmou que a China vai assinar acordos de cooperação com a Venezuela sobre energia, finanças e geração de eletricidade durante a visita de Hu.
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