A China quer se tornar líder mundial de inovação em 2035. Sobretudo, quer manter o Partido Comunista indiscutivelmente no poder até lá... e por muitos anos mais. Para atingir tais metas, um pacote de reformas com 60 tópicos foi anunciado em novembro, quase ao mesmo tempo em que o governo lançou uma campanha de combate à corrupção. A economia chinesa terá de mudar e aproximar-se mais das regras de mercado, concluiu o partido único, que comanda o país há 60 anos sem se importar com sua associação ao adjetivo ditatorial.
O mundo já se ajusta à decisão da China de desacelerar seu crescimento. Taxas superiores a 10% ao ano não se repetirão enquanto Pequim estiver empenhada em deslocar o eixo da expansão da economia do binômio investimento-exportação para o consumo doméstico. Neste ano, o "Império do Centro" crescerá 7,5%. A taxa deverá cair até 2019, quando será de 6,5%. Nesse ano, mesmo com o crescimento contido, a China vai superar os Estados Unidos como maior economia do mundo.
Na equação do governo de Xi Jinping, a China precisa dar um salto para a produção de alta tecnologia. Terá de deixar os setores intensivos em mão de obra e ajustar a sua produção aos salários que começam a aumentar. Mais complicado será abrir o setor financeiro e a conta de capitais e flexibilizar a política de câmbio desvalorizado. A prometida zona de livre-comércio de Xangai, ainda nebulosa, indicará o grau e o ritmo dessas mudanças.
Ameaçada por protestos cada vez mais frequentes, a China não quer ver repetida a tragédia da Praça da Paz Celestial, de 1989. Tampouco quer a experiência da Primavera Árabe reproduzida em Pequim. Atender à demanda da nova classe média por melhor saúde e de educação e pela criação da previdência pública tornou-se outra peça essencial na equação de Xi Jinping. O produto "inovado na China" será fabricado em uma nova economia.
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