• Carregando...

A Companhia Vale do Rio Doce anunciou nesta quinta-feira ter fechado com a Baosteel, maior siderúrgica da China, o novo preço de referência para o minério de ferro em 2007, aumentando o valor da commodity em 9,5 por cento em relação a este ano.

Esta foi a primeira vez que a indicação de aumento de preço do minério de ferro -que normalmente é seguida pelas demais siderúrgicas do mundo- é fechada entre a Vale e uma empresa chinesa, consolidando o fortalecimento desse país no setor. Nos últimos anos, o primeiro ajuste vinha sendo fechado com siderúrgicas européias ou japonesas.

Foi também o acordo de preço mais rápido dos últimos anos, o que para analistas reflete a forte pressão da demanda sobre a oferta, confirmando declarações feitas por executivos da Vale, de que não havia sinais de arrefecimento da procura.

``Não faz sentido estender uma situação que só iria favorecer o aumento de preço mais à frente, como já aconteceu antes'', avaliou o analista do HSBC Fábio Zagatti.

Ele se disse surpreso com a rapidez do anúncio, mas avaliou que o índice veio melhor do que o esperado. ``Esperava uma média de 7 por cento'', revelou. Para o analista, as siderúrgicas européias e japonesas, normalmente líderes do processo, devem seguir o mesmo preço.

Em 2006, depois de longas negociações, o preço subiu 19 por cento em meados do ano, em acordo fechado com a alemã ThyssenKrupp . Em 2005, o aumento havia sido de 71,5 por cento após intensas conversas que terminaram em fevereiro com um primeiro acordo fechado com siderúrgicas japonesas.

Para o analista Patrick Conrad, da corretora Santander Central Hispano, a pressa dos chineses em fechar o preço indica que a pressão da demanda pode continuar além do programado.

``Sem dúvida é um sinal positivo para a Vale. Fiquei mais otimista com a estabilidade de preços para 2008 em vez da queda que alguns analistas projetam'', afirmou à Reuters.

Ele lembrou que este ano as siderúrgicas da China, lideradas pela Baosteel, foram as mais resistentes em fechar o ajuste de preço.

``Eles (chineses) viram que não dá para remar contra a maré. O mercado continua apertado e traria incertezas desnecessárias prolongar o aumento que acabaria ocorrendo'', opinou.

As ações preferenciais da Vale fecharam em alta de 0,15 por cento, a 53,20 reais, e ajudaram a conter a queda do Ibovespa, que cedeu 0,27 por cento no final do pregão.

O anúncio do acordo aconteceu no mesmo dia em que o governo chinês divulgou que está planejando lançar novas políticas para limitar o número de companhias com permissão para importar minério de ferro. O objetivo é evitar o salto dos preços no mercado 'spot' (à vista), atualmente no mesmo patamar do ajuste concedido nesta quinta-feira pela Vale.

Segundo comunicado da Vale, os novos preços de referência, em tonelada métrica seca (dmt), são 0,7320 dólar por unidade de ferro para o SFCJ (Sistema Carajás) e 0,7211 dólar por unidade de ferro para o SSF (Sistema Sul).

``Os preços para 2007 refletem as condições do mercado global de minério de ferro e foram alcançadas com rapidez sem precedentes como resultado de negociações extremamente profissionais'', explicou em comunicado a Vale, segunda maior do mundo após a compra da canadense Inco este ano.

A Vale tornou-se em 2006 a maior fornecedora de minério para a China, segundo dados da empresa, totalizando até setembro 20,4 milhões de toneladas embarcadas. A previsão é fechar o ano com aumento de 40 por cento nas vendas para o país.

A previsão da Vale é de que este ano sejam produzidas 263 milhões de toneladas de minério de ferro e, no próximo ano, 300 milhões de toneladas. ``Nos últimos dois anos foram acrescentados mais 52 milhões de toneladas de minério à produção'', informou a mineradora.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]