A China atribuiu às injeções de dinheiro promovidas pelos países ricos para combater a crise os problemas nas economias emergentes durante um debate nesta segunda-feira na Organização Mundial do Comércio (OMC). Mas rejeitou a proposta do Brasil, apresentada no início deste mês, de usar as normas internacionais de comércio para compensar por desequilíbrios cambiais.
"Nós, bem como muitos outros países, temos sido críticos dessa política irresponsável de desvalorização cambial", afirmou o vice-representante da China na OMC, Zhu Hong, referindo-se às medidas de estímulo monetário adotadas pelos ricos para combater a crise. "Esta tem um impacto negativo prolongado, especialmente nas economias emergentes".
Para China, questão cambial deve ser tratada pelo FMI
A reunião de segunda-feira (26) visava a discutir a proposta do Brasil de incluir nas regras da OMC um sistema para lidar com desequilíbrios cambiais. O embaixador do Brasil na organização, Roberto Azevêdo, vem gradativamente adotando uma postura mais rígida em relação ao assunto.
"A OMC parece estar sistemicamente mal equipada para lidar com os desafios apresentados pelos efeitos macro e microeconômicos das taxas de câmbio no comércio", afirmou o Brasil em sua proposta, da qual a agência de notícia Reuters obteve uma cópia. "Os membros querem, em vista desse cenário, considerar a necessidade de alguns remédios comerciais para a taxa de câmbio".
O Brasil já qualificou as injeções de recursos promovidas pelos países ricos de egoístas. Mas Zhu, da China, afirmou que essa é uma questão para o Fundo Monetário Internacional (FMI), não para a OMC, pois se trata de um problema monetário.