Menos de dois anos depois da chegada ao Brasil, a administradora privada do Terminal de Contêineres de Paranaguá (TCP) finalizou as obras de ampliação da unidade, aumentando em 60% a capacidade de movimentação de carga no porto local.
Com a entrega, o potencial de operações salta de 1,5 milhão para 2,5 milhões de TEUs ao ano - medida padrão equivalente a um contêiner de 20 pés. A obra consolida o porto de Paranaguá como segundo nesse tipo de movimentação, atrás de Santos, que alcançou 4,12 milhões de TEUs em 2018.
O aumento de capacidade de movimentação é resultado de diversas obras de infraestrutura interna executadas no TCP pelo China Merchants Port Holding Company (CMPort), grupo chinês que comanda o terminal desde março de 2018.
Estima-se que os investimentos realizados, de R$ 550 milhões, deem conta de atender à demanda do mercado brasileiro pelos próximos 30 anos, mas já está contratualmente prevista a injeção de outros R$ 548 milhões para o mesmo período, com modernizações a serem realizadas até 2048 como contrapartida da concessão do terminal - que movimenta cerca de 100 mil contêineres/mês.
O investimento milionário feito pelos chineses do TCP é o maior realizado no setor portuário do Brasil nos últimos cinco anos, de acordo com a superintendência dos Portos do Paraná, com resultado esperado de "um salto de qualidade no volume de movimentação e nos custos, com aumento na eficiência e competitividade", como destacou o diretor de Novas Outorgas e de Políticas Regulatórias do Ministério da Infraestrutura, Fábio Lavor Teixeira.
Na relação das obras inauguradas estão a ampliação do cais de atracação e da retroárea do terminal e a aquisição de novos guindastes para o atendimento a embarcações de grandes dimensões, utilizadas no comércio marítimo atual (navegação viabilizada, também, pelas dragagens periódicas do Canal da Galheta, executadas pelo governo estadual para garantir o calado).
Segundo o diretor institucional do TCP, Juarez Moraes e Silva, a presença em Paranaguá é classificada como estratégica pelos chineses do ponto de vista geográfico, capaz de fazer as vezes de entroncamento entre diversos mercados latino-americanos e do próprio Brasil, inclusive levando-se em conta a política do belt and road, espécie de plano Marshall chinês que leva investimentos para diversos países além das fronteiras mais próximas.
Moraes e Silva revela, ainda, que acionistas da CMPort já demonstram interesse em expandir investimentos, não apenas na área do porto paranaense, mas em outros terminais do país. Os planos, entretanto, não foram revelados.
Portas abertas
O interesse chinês no segmento portuário brasileiro vem sendo acompanhado desde 2018, quando chegaram ao TCP, diz Mário Povia, diretor-geral da Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq). "É um capital muito bem vindo e seletivo", ao destacar a busca desses investidores por segurança jurídica e ambiente econômico favorável para fazer investimentos, amortizá-los e realizar lucro: "é um desafio para o Brasil [..], mas eu acho que é uma vitória", avalia.
Sobre as chances de novos negócios com o país asiático, o representante da Antaq destaca que 2019 ainda pode gerar frutos para o Brasil, em decorrência do atual status brasileiro de presidente dos Brics. "Nós estamos exatamente no momento de repaginar isso. O Ministério da Economia está com uma agenda fortíssima, o Ministro da Infraestrutura está com uma agenda muito forte em levar o nome do Brasil para o exterior e eu acho que esse é o momento de ver o Brasil com outros olhos", acredita o diretor.
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