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Marco Rodrigues não abre mão da carne bovina, mas também tem comprado frango e peixe para equilibrar o orçamento | Celso Margraf/Gazeta do Povo
Marco Rodrigues não abre mão da carne bovina, mas também tem comprado frango e peixe para equilibrar o orçamento| Foto: Celso Margraf/Gazeta do Povo

Santa Catarina

ICMS de suíno cai para baixar preço final

Santa Catarina voltará a isentar de Imposto Sobre Circulação de Mercadorias (ICMS) as operações com carne suína in natura dentro do estado e com suíno vivo para outros estados. Conforme nota distribuída pela assessoria de comunicação do governo do estado, a reedição do decreto estabelecerá a isenção pelo prazo de 90 dias, a partir da assinatura da nova versão do decreto.

Entre agosto de 2009 e abril de 2010, a medida já estava em uso. O objetivo era diminuir a carga tributária e com isso reduzir o preço final, de forma a estimular o consumo da carne suína. Além disso, os estados do Paraná e São Paulo passaram a isentar o setor do imposto, deixando seus produtos mais competitivos em relação à carne suína catarinense.

Segundo o secretário da Agricultura de Santa Catarina, João Rodrigues, na nota, a medida é essencial para apoiar a recuperação e melhorar a rentabilidade da atividade, num momento de queda do preço do suíno e do aumento de custo de produção, devido à alta de preço da soja e do milho. "Nos últimos 30 dias, o preço da carne suína in natura no mercado atacadista caiu de R$ 5,20 para R$ 3,09 por quilo de carcaça", informou o secretário.

Agência Estado

Consumidor se vira para manter boi na mesa

Com o preço da carne bovina em alta, o jeito é gastar mais para manter o cardápio e fazer pequenas alterações no decorrer da semana. É o que faz o casal Raquel Pedroso Machado e Roberto Donizete Machado. Com quatro filhos em casa, a preferência na mesa é a carne bovina, mas sempre que possível Raquel incrementa a refeição com uma carne suína ou apela para a carne bovina moída, de segunda, que é mais barata. "Fazemos compra a cada quinzena e o aumento da carne do boi pesou, mas vamos fazer o quê? Não dá para abrir mão", comenta Machado, que é segurança.

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Vilã da cesta básica em 2010, a carne vai continuar pressionando o bolso do consumidor neste ano. Apesar de já ter caído no campo, o preço segue salgado no varejo. Cortes mais nobres, como a picanha e o filé mignon, chegam a custar mais de R$ 40 o quilo em alguns supermercados de Curitiba. E a tendência é que os valores se mantenham elevados ao longo do ano, afirmam especialistas. "Podemos não ter picos tão altos quanto os do ano passado, mas as médias de preço de 2011 certamente serão maiores que as de 2010", prevê o analista Carlos Cogo, da Cogo Consultoria Agroeconômica.

Dos 15 cortes pesquisados pelo serviço Disque Eco­no­mia, da prefeitura de Curiti­ba, nove tiveram queda de preço em janeiro, mas outros seis continuam em alta. "O quilo do patinho, que é um dos cortes mais consumidos, podia ser encontrado por menos de R$ 10 há quatro ou cinco meses. Hoje, custa mais de R$ 15", cita Amanda Schuntzem­berger, pesquisadora do Laboratório de Pes­quisas em Bovinocultura (LapBov) da Universidade Federal do Paraná (UFPR).

Acomodação

Cogo explica que o pico de preços nas prateleiras em dezembro fez o consumidor recuar, freando o movimento de alta no campo. Com isso, o mercado varejista começou 2011 mais acomodado, ainda que em patamares mais altos que os de um ano atrás. "Os reajustes sempre ocorrem de forma mais lenta no atacado e são repassados ao varejo ainda mais lentamente. Foi assim na alta da entressafra, no fim do ano passado. E será assim agora, na baixa da safra", observa Cogo.

Segundo os analistas, a tendência é que o movimento de alta arrefeça ainda mais no campo em fevereiro, após o início da safra de boi gordo no Paraná, mas isso não deve aliviar a pressão ao consumidor, que terá de desembolsar mais se quiser manter a carne no cardápio. Por mais que a oferta de boi terminado para o abate aumente a partir de agora, a demanda cresce também, argumentam os especialistas. "Um aumento de 1% na renda da população significa elevação de 0,5% no consumo", calcula Alex Lopes da Silva, da Scot Con­sultoria. Ele avalia que, se não fosse a crise internacional de dois anos atrás, a disparada dos preços observada em 2010 teria sido sentida já em 2009. "A pecuária obedece a ciclos e neste momento passamos por um período de alta. Os preços devem continuar elevados por mais um ano ou talvez até um ano e meio", estima o analista.

Abate

O atual ciclo de valorização da arroba dentro da porteira é resultado de um processo que começou com o abate de fêmeas reprodutivas entre 2003 e 2006. O descarte de matrizes reduziu o rebanho brasileiro e, consequentemente, a oferta de gado de corte nos últimos anos. "Desde 2007 estamos recompondo nosso rebanho, mas esse é um processo demorado e que precisa ser estimulado pelo mercado. Então, a tendência é que os preços continuem fortalecidos para incentivar a retenção de matrizes", justifica Silva.

"Depois de 2010, o mercado encontrou um novo piso. Abaixo de R$ 90 a arroba do boi gordo não cai. E isso quer dizer que o consumidor certamente irá pagar mais pela carne em 2011 do que pagou no ano passado", concorda Cogo. A arroba (15 quilos) do boi gordo recuou 12% desde o pico atingido em novembro, quando ultrapassou a barreira dos R$ 100 no Paraná. Hoje, vale entre R$ 96 e 97 no estado, mas ainda permanece acima de R$ 100 em outras praças, como São Paulo.

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