Após seis meses em queda, os níveis dos reservatórios das hidrelétricas do Rio Iguaçu, os principais do estado, voltaram a subir neste mês. Graças às fortes chuvas do início da semana passada, os lagos avançaram 15 pontos porcentuais em apenas sete dias e atingiram no último domingo 59% de seu volume máximo, retornando aos patamares em que estavam três meses atrás. Em Curitiba, onde ficam as nascentes do Iguaçu, choveu 258 milímetros de 1.º a 19 de dezembro, segundo o Instituto Simepar 72% a mais que a precipitação considerada normal para todo o mês (150 mm).
De acordo com o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), o nível atual das represas do rio é o dobro do registrado há um mês (29%). Mas, em razão dos vários meses de pouca chuva, a marca é a mais baixa para esta época do ano desde 2006, quando uma longa estiagem baixou os reservatórios para apenas um terço de sua capacidade máxima.
De todo modo, o cenário do armazenamento de água já é bem mais tranquilo. Na média da Região Sul, as represas subiram de 50% para 61% do volume máximo entre 12 e 19 de dezembro, afastando-se do nível considerado de risco para esta época (13%). Nos subsistemas Sudeste/Centro-Oeste e Nordeste, a situação é um pouco mais apertada, mas não chega a ser alarmante os lagos dessas regiões ocupam cerca de 42% da capacidade total, contra um nível de risco de 10%.
Menos térmicas
A melhora das condições do Sul permitiu ao ONS desativar algumas termelétricas que vinham funcionando nos últimos meses para poupar os reservatórios das hidrelétricas. Uma das desligadas foi a UEG Araucária, na região metropolitana de Curitiba, que pertence à Copel e é operada pela Petrobras. Movida a gás natural importado da Bolívia, a térmica teve sua produção reduzida gradativamente desde o início do mês, e gerou energia pela última vez na quarta-feira passada.
Com menos térmicas funcionando, a participação desse tipo de energia no total gerado no país está em queda. Depois de oscilar entre 12% e 14% de agosto a novembro, a fatia das termelétricas começou este mês próxima de 11% e, nos últimos dias, tem variado entre 7% e 8% da geração elétrica nacional.
Despesas triplicam
O uso de termelétricas cujo custo é superior ao das hidrelétricas está mais baixo nas últimas semanas, mas ainda assim o brasileiro terá uma conta alta a pagar por ele no ano que vem. Segundo estimativa da Associação Brasileira de Grandes Consumidores Industriais de Energia (Abrace), a operação das térmicas para assegurar a segurança energética do país custou R$ 647 milhões de janeiro a novembro, quase o triplo do valor gasto em todo o ano passado R$ 235 milhões, de acordo com a Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE).
Incluindo na conta os subsídios às regiões ainda não conectadas ao Sistema Interligado Nacional (SIN), que dependem exclusivamente de termelétricas, o desembolso total subiu de R$ 521 milhões no ano passado para R$ 1,54 bilhão nos 11 primeiros meses de 2010. Esse valor será pago pelo consumidor ao longo do próximo ano, diluído nas faturas das distribuidoras de todo o país. No caso da Copel, o efeito aparecerá no reajuste marcado para junho de 2011.