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Energia

Chuvas no RS e SC afastam mas não eliminam risco de racionamento

O cenário para o fornecimento de energia elétrica na Região Sul teve uma leve melhora nos últimos dias. O nível dos reservatórios das hidrelétricas subiu de 27% para 29% da capacidade, e há a tendência de aumento na acumulação de água. A situação ainda é preocupante na Bacia do Rio Iguaçu, onde as duas usinas acompanhadas pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) estão com os lagos muito baixos. Em Salto Osório, o reservatório está com 19% da capacidade, enquanto em Foz do Areia o nível é de 29%.

As últimas frentes frias que passaram pelo Sul atingiram com mais força o Rio Grande do Sul e Santa Catarina. Assim, aumentou a vazão nas outras duas grandes bacias do Sul – do Rio Uruguai e do Rio Jacuí. Ali, o nível dos reservatórios já supera 50%. A Região Sul continua recebendo do Sudeste cerca de 60% dos 7,5 mil MW médios que consome. Para o ONS a situação ainda é preocupante e, por isso, é mantida a "importação" de eletricidade da região vizinha. No momento, os lagos das hidrelétricas do Sudeste estão com 80% da capacidade, o que garante essa transferência e afasta por hora um apagão.

"Houve uma recuperação dos reservatórios no Sul e a tendência é chover mais", diz Élcio Sommer, vice-presidente da Associação Brasileira dos Grandes Consumidores Industriais de Energia (Abrace). O executivo pondera que ainda há um pequeno risco para o fornecimento, já que o Rio Iguaçu ainda está muito baixo. Outro fator de risco é que nas Regiões Sudeste e Centro-Oeste as chuvas são menos intensas no segundo semestre. "O grau de incerteza é grande, mas ainda não se fala em racionamento", afirma o consultor do setor de energia Ivo Pugnaloni, da Enercons.

Outro problema é que o ONS já divulgou que a capacidade de transmissão do Sudeste para o Sul está perto do limite. "Isso mostra que é necessário um investimento na melhoria da interligação das regiões para que o sistema interligado seja mais eficiente", afirma o consultor.

Sem ter muita margem para aumentar o fluxo de energia entre as regiões, o ONS pediu para que a Copel acelere as obras de adaptação da termelétrica UEG Araucária até agosto. O controle da usina foi comprado pela estatal no fim de maio e a meta da companhia era produzir energia ali no início de 2007. "Os 480 MW de capacidade da UEG aumentariam a margem para o ONS trabalhar no Sul", diz Érico Sommer.

A Copel está fazendo estudos para tentar atender ao pedido do ONS, mas sem se comprometer com prazos. A UEG precisa de ajustes para funcionar com gás natural e de adaptações em suas turbinas para gerar com outro tipo de combustível. Mesmo que o Ministério de Minas e Energia (MME) garanta o fornecimento de gás, o que dispensaria adaptações, a missão de contratar os serviços e fazer os ajustes em pouco mais de um mês seria bastante difícil de ser cumprida.

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