Os Estados Unidos, que detonaram a crise global de 2008, começam, aos poucos, a voltar à normalidade. Depois de três levas de políticas monetárias pouco usuais, que injetaram bilhões de dólares no mercado financeiro, o Federal Reserve, banco central dos EUA, deverá interromper a estratégia nos próximos meses, diante de sinais mais fortes de que a economia retomou o crescimento. Mas o que é bom para os Estados Unidos, nem sempre é bom para o resto do mundo, pelo menos não a curto prazo. E, sobretudo, para os países emergentes.
A crise completa 5 anos no próximo domingo. A data 15 de setembro marca o pedido de falência do banco Lehman Brothers. A instituição era o quarto maior banco de investimentos dos Estados Unidos, mas não resistiu a uma forte desvalorização de seus ativos, provocada pelos problemas no mercado imobiliário. Os estragos provocados pela crise ainda afligem países como o Brasil
Economistas alertam que a forte depreciação sofrida por moedas de países emergentes desde junho, quando o Fed anunciou a mudança em sua política, poderá ser uma tendência nos próximos meses.
Essa nova onda de turbulência deve afetar os países mais vulneráveis a choques externos. Os nomes mais citados dessa lista são: Índia, Indonésia, Turquia, Rússia, África do Sul e Brasil. São países que também tendem a sofrer com o esperado freio no crescimento da China, já que são grandes exportadores de matérias primas. "Muitas das nações que lideraram o crescimento na última década agora se veem em dificuldades. Há desaceleração no crescimento da China e outros países emergentes estão muito dependentes do capital externo", afirma o indiano Ruchir Sharma, chefe da área de Emergentes do Morgan Stanley Investment Management e autor de Os rumos da prosperidade (editora Elsevier).
A simples perspectiva de que os Estados Unidos vão interromper a injeção de recursos no mercado já elevou as taxas de juros americanas de longo prazo, atraindo capitais para o país. "A percepção de que a liquidez abundante vai começar a diminuir leva a saques de recursos de emergentes. Os investidores agora começam a olhar mais para os fundamentos desses países e diferenciá-los por isso", explica o chefe de pesquisa macro e estratégia para América Latina do Barclays, Marcelo Salomon.
O ineditismo das políticas de estímulo adotadas para enfrentar a crise sugere surpresas. "A saída dessa política de afrouxamento monetário é inédita, assim como a própria política. A saída não pode ser simpl", diz José Júlio Senna, ex-diretor do Banco Central e chefe do Centro de Estudos Monetários do Ibre/FGV.
Nas telas
A indústria de entretenimento sabe, melhor que ninguém, transformar crises em oportunidades. Veja abaixo alguns dos filmes produzidos sobre os eventos de 2008.
2009 - The Last Days Lehman Brothers (Os últimos dias do Lehman Brothers) - Ficção produzida pela BBC, o filme dramatiza os fatos do tenso fim de semana que antecedeu a falência do Lehman Brothers. O secretário do Tesouro, Henry Paulson, e o CEO do banco são os personagens centrais.
2010 - Inside Job (Trabalho Interno) - O documentário mais incisivo sobre a crise mostra como relações espúrias entre academia, governo e mercado financeiro abriram caminho para a hecatombe econômica. Destaque para entrevistas constrangedoras de economistas acusados de leniência com o mercado.
2010 - Wall Street: Money Never Sleeps (O Dinheiro Nunca Dorme) - Nesta sequência de "Wall Street" (1987), Gordon Gekko (Michael Douglas) está fora da prisão para lembrar que os crimes que cometeu no passado agora são regra: "Eu costumava dizer que a ganância é uma coisa boa. Agora parece também ser legalizada."
2011 - Margin Call (O Dia Antes do Fim) - Ficção inspirada no colapso do subprime, o thriller acompanha horas decisivas em um banco de investimento de Wall Street após analista descobrir que apostas erradas no mercado de hipotecas podem levar a instituição à falência. Indicado ao Oscar de melhor roteiro original. Com Kevin Spacey e Demi Moore.
2011 - Too Big to Fail (Grande demais para quebrar ) - Drama baseado no livro do jornalista Andrew Ross Sorkin, do "New York Times", o filme examina os personagens envolvidos na quebra do Lehman Brothers, como o secretário do Tesouro, Henry Paulson, interpretado por William Hurt.
2012 - The Queen of Versailles (A Rainha de Versailles) - Documentário sobre um empresário que resolveu construir uma das maiores mansões dos EUA no auge da bolha imobiliária, mas viu seu império ruir quando ela estourou. Um retrato da ressaca moral dos anos 2000.
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