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Cinco cidades concentram 45% das riquezas geradas no Paraná

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Cinco cidades paranaenses acumulam 45% do Produto Interno Bruto (PIB) do Paraná, e esse índice de concentração coloca o estado na primeira posição na Região Sul em níveis de centralização de riqueza. O estudo "Produto In­­terno Bruto dos Municípios 2005-2009", divulgado na semana passada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mostrou que cinco capitais do país, incluindo Curitiba, concentram 25% da riqueza nacional. Apesar de o índice paranaense ser maior que a média nacional e mostrar que no estado há um grande desequilíbrio entre as cidades, a taxa de 45% de concentração ainda está entre as menores do país – no Amapá, por exemplo, o índice é de 87,5%.

O levantamento do IBGE mostra que Curitiba, Araucária, São José dos Pinhais, Londrina e Maringá acumulam 45% das riquezas do estado. Segundo Sheila Zani, gerente do PIB dos municípios do IBGE, a Região Sul tem os menores índices de concentração. No Rio Grande do Sul, as cinco maiores cidades concentram 36,4% do PIB, e em Santa Catarina essa taxa é de 34,6%. "Entre os estados do Sul, o Paraná concentra mais riquezas em poucas cidades, mas mesmo assim o acúmulo de PIB não é tão alto quando comparado com as regiões Norte e Nordeste, onde a maioria dos estados tem, nas suas cinco principais cidades, mais de 50% de concentração", diz Sheila.

Somada a riqueza dos dez maiores municípios do Paraná, a concentração fica ainda mais evidente: 57% do PIB estadual está em Curitiba, Araucária, São José dos Pinhais, Londrina, Maringá, Foz do Iguaçu, Paranaguá, Ponta Grossa, Cascavel e Toledo. No outro extremo, as dez menores economias do Paraná, juntas, respondem por apenas 0,1% da riqueza estadual.

A economista e professora do Isae/FGV Virene Matesco avalia que, apesar de mais baixo que na maioria dos estados brasileiros, o acúmulo de riquezas em poucas cidades do Paraná não é saudável. "Nenhuma concentração é positiva, porque acaba fazendo com que as pessoas saiam de suas cidades de origem, transformando-as em cidades semimortas, dependentes de programas sociais de transferência de renda porque não têm nenhuma atividade econômica", salienta Virene.

Na opinião do economista Carlos Magno Bittencourt, conselheiro do Conselho Regional de Economia (Corecon-PR) e professor da PUCPR, a divisão de 43% entre 389 municípios gera desigualdades no estado e reflete a falta de políticas públicas para desconcentrar a economia. "Falta uma política de governo para mudar esse desequilíbrio, porque, no fim, o governo acaba investindo onde há mais pessoas. E esses investimentos acabam levando ainda mais população para as cidades mais ricas", diz.

PIB per capita elevado não é sinônimo de prosperidade

Dona da maior economia do Paraná, Curitiba é apenas a 14.ª cidade do estado na lista do PIB per capita, resultado da divisão do Produto Interno Bruto pelo número de habitantes. Na capital, o indicador é de R$ 24,7 mil, um quarto do valor per capita da vizinha Araucária, a primeira do ranking, onde cada um dos 120 mil moradores "gera" o equivalente a R$ 101,4 mil. Mas, para especialistas, ter o maior PIB per capita não significa ser uma cidade onde todos são ricos. A geração de riqueza de Araucária, por exemplo, se deve muito à Refinaria Presidente Getulio Vargas (Repar), da Petro­bras, além de sua cadeia produtiva.

Por outro lado, uma cidade pequena pode apresentar um PIB per capita alto mesmo sem ser uma grande geradora de riquezas. O que pode indicar uma dependência de royalties de alguma atividade ou de benefícios governamentais, por exemplo. "Muitas cidades pequenas dependem de transferência do governo, seja pelo Bolsa Família ou aposentadorias. Não são necessariamente geradores de riqueza", destaca o economista Carlos Magno Bittencourt.

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