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Conjuntura

Cinco sinais de que a economia está saindo do buraco – só que devagar

Produção de veículos cresceu em janeiro, na comparação com o mesmo mês do ano passado. | Jonathan Campos/Gazeta do Povo
Produção de veículos cresceu em janeiro, na comparação com o mesmo mês do ano passado. (Foto: Jonathan Campos/Gazeta do Povo)

A média das previsões de analistas consultados pelo Banco Central indica que o crescimento da economia neste ano deve ficar abaixo de 0,5%. Mas, depois de muito tempo, há a possibilidade de eles estarem errando para baixo. Alguns dados de janeiro indicam que a melhora da economia está começando neste trimestre – a ponto de o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, declarar que acredita que o PIB já virá positivo nos primeiros três meses do ano.

O ministro provavelmente está exagerando, já que mesmo os dados positivos são tímidos. Na indústria automotiva, por exemplo, houve alta na produção em janeiro, mas as vendas caíram e muitas montadoras já anunciaram folgas prolongadas para o carnaval. Há dados ainda bastante no vermelho, como o de produção de cimento, um indicador do que acontece no setor de construção civil.

Assim, os melhores dados deste início de ano indicam que há razão para se acreditar que a economia está saindo do buraco, mas que esse é um movimento lento. Agora, falta o país “tracionar”, ter meses consecutivos de melhora em diversos setores. Para os mais otimistas, a chave para a retomada será uma combinação de recomposição de estoques, consumo incentivado pela liberação do FGTS das contas inativas e o retorno do consumidor que evitou compras maiores por causa dos juros altos.

Veja abaixo cinco dados que estão sendo citados como sinais de recuperação:

Estoques

Os economistas mais otimistas com o crescimento neste ano apontam que as empresas reduziram seus estoques nos últimos dois anos a ponto de agora ser necessária uma reposição. O Itaú projeta um crescimento do PIB de 1% neste ano, sendo mais de dois terços vindos da reposição de estoques. O crescimento da indústria em dezembro, de 2,3%, teria sido influenciado por esse fator, em especial na indústria automotiva.

Balança comercial

O comércio exterior brasileiro teve um mês de janeiro muito melhor do que em 2016. As exportações passaram de US$ 11,2 bilhões para US$ 14,9 bilhões (alta de 32%), resultado em grande parte influenciado pelo embarque de commodities – vale registrar que na agricultura isso está dando novo fôlego à venda de máquinas agrícolas e que, na mineração, está dando suporte à recuperação da Vale. O que chama mais a atenção é a alta de 18% nas importações, que atingiram US$ 12 bilhões em janeiro. Este é um termômetro da entrada de matérias-primas e equipamentos no país e sobe quando a economia interna melhora.

Confiança

Os índices de confiança voltaram a subir em janeiro, refletindo a combinação de inflação e juros menores. O Índice de Confiança da Indústria da FGV atingiu o maior nível desde maio de 2014. O Índice de Confiança de Serviços foi ao maior nível desde fevereiro de 2015. Os números ainda estão em níveis historicamente baixos, mas indicam uma melhora de humor neste início de ano.

Veículos

A produção de veículos no país cresceu 17,1% em janeiro, na comparação com o mesmo período do ano passado. Houve queda de 12,9% em relação a dezembro, explicada pela sazonalidade da demanda. Parte da produção maior é explicada pela recomposição de estoques e parte pela maior exportação – as vendas internas continuaram ruins em janeiro (queda de 5,2% em relação ao mesmo mês de 2016).

Papelão ondulado

As vendas de papelão ondulado, usado nas embalagens de produtos despachados pela indústria, cresceram 5,5% em janeiro, na comparação com o mesmo mês de 2016, e 5% em relação a dezembro. Esse indicador é importante por antecipar o comportamento geral da indústria.

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